Com veto, Lula rejeita aumento de deputados na Câmara e empurra redistribuição ao TSE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou integralmente o projeto de lei complementar que ampliava de 513 para 531 o número de deputados federais. O veto foi publicado na edição desta quinta-feira (17) do Diário Oficial da União e foi motivado, segundo o Palácio do Planalto, por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade.

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A proposta havia sido aprovada pelo Congresso no fim de junho, como resposta a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que cobrava a atualização da representatividade proporcional dos estados com base no Censo Demográfico, algo não feito desde 1993.

Em mensagem enviada ao Congresso Nacional, o governo justificou o veto com base em pareceres técnicos da Advocacia-Geral da União (AGU) e dos ministérios da Justiça, da Fazenda e do Planejamento, que apontaram ausência de estimativa de impacto orçamentário e violação à Lei de Responsabilidade Fiscal.

“Ao prever a ampliação do número de parlamentares, a medida acarreta aumento de despesas obrigatórias, sem a completa estimativa de impacto orçamentário, de previsão de fonte orçamentária e de medidas de compensação, onerando não apenas a União, mas também entes federativos”, afirma o trecho da mensagem de Lula.

Um veto presidencial não é definitivo. Ele será analisado pelo Congresso, que pode decidir pela manutenção ou pela derrubada. Na foto, Lula e Motta em fevereiro de 2025, durante evento em Brasília - Foto: Reprodução/Poder 360
Um veto presidencial não é definitivo. Ele será analisado pelo Congresso, que pode decidir pela manutenção ou pela derrubada. Na foto, Lula e Motta em fevereiro de 2025, durante evento em Brasília – Foto: Reprodução/Poder 360

A proposta visava corrigir distorções populacionais sem reduzir o número de representantes de estados com queda relativa de habitantes, como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Alagoas. A alternativa encontrada pelos parlamentares foi aumentar o total de vagas, beneficiando estados que cresceram demograficamente, como Pará, Amazonas e Santa Catarina.

No entanto, segundo cálculos preliminares, o acréscimo de 18 cadeiras na Câmara resultaria em R$ 65 milhões a mais por ano ao orçamento da União, além de gerar impacto indireto nas emendas parlamentares e nas assembleias legislativas estaduais, que têm composição vinculada ao número de deputados federais.

Com o veto, caberá agora ao Congresso analisar a decisão presidencial no prazo de 30 dias, podendo mantê-la ou derrubá-la. Caso o veto seja mantido, a redistribuição das vagas deverá ser feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 1º de outubro, conforme determinado pelo STF.

A Constituição estabelece que nenhuma unidade da Federação pode ter menos de oito ou mais de 70 deputados federais, mas o número exato de representantes por estado deve ser ajustado a cada novo censo, o que não vem ocorrendo há mais de três décadas.

Se confirmada a decisão presidencial, o TSE terá a missão de equilibrar a representatividade sem ampliar o tamanho do Congresso, o que pode implicar perdas de cadeiras em alguns estados e intensa disputa política nas bancadas.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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