A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada a dez anos de prisão em regime fechado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), renunciou neste domingo, 14 de dezembro, ao cargo de deputada federal. Zambelli, que atualmente está presa na Itália, realizou o ato por meio de carta. O movimento, no entanto, não representa um simples abandono do cargo, mas sim um cálculo político e jurídico cuidadosamente planejado para alimentar sua defesa em solo italiano, onde a ex-parlamentar luta para evitar a extradição.
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Em carta direcionada ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (vice-presidente que assumiu a função), Carla Zambelli formalizou a renúncia no domingo, com apoio de seus advogados. Segundo Zambelli, o ato serviria como uma forma de “denúncia” e um:
“alerta histórico, um marco institucional”.
Em sua carta, a ex-parlamentar acusa o Judiciário de ter se sobreposto ao Legislativo, afirmando:
“Onde a casa do povo absolveu, o Judiciário condenou.”
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Contudo, a renúncia ocorreu apenas dois dias depois que a Primeira Turma do STF referendou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que anulou a votação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato.
A estratégia de Zambelli
A renúncia da ex-deputada é vista como um cálculo jurídico em um ambiente de exceção e tem um objetivo claro: o fortalecimento de sua defesa na Itália, onde está presa e aguarda a decisão sobre o pedido de extradição do Brasil.
Com a narrativa de “perseguição política” perante a Justiça italiana, ao renunciar por sua própria vontade ao cargo de deputada, a defesa ganha um discurso estratégico para utilizar em sua petição internacional.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, pronunciou-se sobre o caso e afirmou que a decisão visa dar a Carla “margem jurídica para buscar liberdade e permanecer na Itália”. A renúncia, nesse contexto, tenta remover o rótulo de “cassada” (perda imposta por terceiros) e, mais importante, retira o argumento de que ela seria uma “autoridade política em exercício” que fugiu do país, fator que, no entendimento de juristas ligados à defesa, poderia acelerar sua extradição.









