Prévia do PIB registra queda de 0,7% em maio e sinaliza alerta para economia em 2025

A economia brasileira iniciou o segundo semestre de 2025 com um alerta vermelho. Segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (15), o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,7% em maio na comparação com abril, já descontados os efeitos sazonais.

Essa foi a primeira queda registrada no ano e também a maior retração mensal desde dezembro de 2023. O indicador confirma a perda de fôlego da economia nacional diante de juros elevados, desaceleração no consumo das famílias e incertezas fiscais e internacionais.

Quais fatores explicam a retração do IBC-Br em maio?

Segundo analistas, o recuo de 0,7% tem múltiplas causas. O principal vetor negativo foi o setor de serviços, que responde por mais de 70% da economia e mostrou sinais claros de desaceleração em meio ao alto endividamento das famílias e à queda na renda real.

A indústria também registrou desempenho negativo, pressionada por custos elevados e queda nas exportações de bens de consumo duráveis. O segmento de construção civil, que vinha sustentando parte do crescimento em trimestres anteriores, também começou a dar sinais de enfraquecimento.

No campo, o agronegócio, mesmo ainda forte em alguns estados, enfrentou problemas pontuais de produção, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, afetadas por eventos climáticos adversos.

Mesmo com o dólar relativamente controlado, a Selic em 15% ao ano continua sendo um freio importante sobre o consumo e o investimento. A alta nos juros encarece o crédito, desestimula o financiamento ao setor produtivo e torna mais difícil o giro das pequenas empresas.

Além disso, o cenário de inflação acima da meta e a incerteza fiscal sobre o cumprimento das metas do governo pressionam ainda mais a confiança de empresários e consumidores. O próprio Banco Central já havia sinalizado em suas últimas comunicações a possibilidade de crescimento modesto ao longo do ano.

Impactos sobre o mercado financeiro e as projeções do Produto Interno Bruto

Após a divulgação do indicador, o mercado financeiro reagiu com cautela. Os contratos futuros do dólar se mantiveram estáveis, enquanto o Ibovespa recuou levemente, refletindo a percepção de que o segundo semestre poderá ser mais desafiador para a economia.

As casas de análise e instituições financeiras começaram a revisar suas projeções para o PIB de 2025. O crescimento, antes estimado em 2,1%, já é visto por alguns analistas como próximo de 1,5%, caso a tendência de desaceleração se mantenha até o final do ano.

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O que esperar do Banco Central e do governo?

A divulgação do IBC-Br reacende o debate sobre a política monetária. Com a atividade econômica perdendo tração, parte do mercado defende um corte na Selic já em agosto, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

No entanto, o Banco Central ainda demonstra cautela, principalmente diante da inflação resistente e da incerteza fiscal. A equipe econômica do governo Lula, por sua vez, pressiona por medidas que estimulem o crescimento, como a antecipação de investimentos públicos e a reformulação de programas de crédito.

Além do recuo mensal, analistas destacam que os sinais de desaceleração vêm se acumulando desde o início de 2025, especialmente em setores sensíveis ao crédito, como comércio e indústria. O alto patamar da taxa Selic, mantida em 15% ao ano, tem freado o consumo das famílias e o investimento produtivo, o que pode ampliar os riscos de uma estagnação prolongada caso não haja estímulos fiscais ou uma flexibilização da política monetária no segundo semestre.

O recuo de 0,7% no IBC-Br de maio é um sinal claro de que a economia brasileira está em desaceleração. O cenário exige coordenação entre política fiscal e monetária para evitar uma estagnação mais prolongada.

Enquanto o consumo perde força e os investimentos recuam, o país precisa encontrar caminhos para estimular a produção, melhorar a confiança do setor privado e, sobretudo, evitar que o crescimento se transforme em frustração ainda em 2025.

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