À medida que os anos avançam, muitas pessoas começam a perceber pequenas mudanças no corpo: a força já não é a mesma de antes, a recuperação após um dia mais intenso demora um pouco mais, e atividades simples — como carregar compras, subir escadas ou manter uma caminhada mais longa — exigem mais esforço. Essas mudanças não significam fragilidade inevitável, mas sim uma adaptação natural do organismo. E, entre os diversos fatores que influenciam essa adaptação, a proteína tem um papel decisivo no que chamamos hoje de envelhecimento ativo.
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Embora seja comum associar proteína a atletas ou praticantes de musculação, esse nutriente é especialmente importante para quem já ultrapassou os 50 anos. Isso porque, a partir dessa faixa etária, ocorre uma tendência natural à perda de massa muscular, conhecida como sarcopenia. Ela não surge de repente, mas se instala aos poucos, reduzindo força, equilíbrio e autonomia. A boa notícia é que sua progressão pode ser desacelerada — e até parcialmente revertida — com uma combinação poderosa: atividade física regular e ingestão adequada de proteínas.
No dia a dia, esse cuidado pode começar com ajustes simples. Um exemplo é incluir uma fonte proteica consistente em cada refeição, garantindo distribuição equilibrada ao longo do dia. Muitas pessoas consomem a maior parte de proteína apenas no almoço, mas estudos recentes mostram que dividir o consumo — no café da manhã, no almoço e no jantar — favorece uma melhor utilização pelo corpo. Isso significa que aquele café da manhã rápido, composto apenas por café e pão, pode ser potencializado com a adição de ovos, iogurte natural ou queijo. São escolhas pequenas que, repetidas diariamente, produzem impacto significativo.
Outro ponto importante é entender que a proteína não atua apenas como “matéria-prima” para músculos. Ela também participa da formação de hormônios, enzimas, anticorpos e tecidos, além de ajudar no controle da glicemia e trazer maior sensação de saciedade, o que costuma ser bem-vindo para quem está ajustando o peso corporal. Em um exemplo prático, pense em como um simples lanche da tarde pode mudar seu nível de energia: trocar um biscoito rico em açúcar por uma porção de oleaginosas ou um iogurte pode reduzir picos glicêmicos e manter o corpo mais estável e alerta.
Para quem pratica exercícios — seja musculação, pilates, dança, natação ou caminhadas — a proteína é ainda mais estratégica. Ela fornece os blocos necessários para a recuperação muscular, essencial para manter o corpo forte e funcional. Exercícios de resistência, como treinos com pesos leves a moderados, são especialmente eficientes quando combinados a uma alimentação proteica. A dupla funciona como um “estímulo + reconstrução”, permitindo que o corpo responda melhor ao treinamento e recupere capacidade física.
Claro, a quantidade ideal de proteína varia conforme o peso, nível de atividade e objetivos individuais. Porém, recomendações científicas apontam que pessoas acima dos 50 anos podem se beneficiar de uma ingestão um pouco maior que a média da população adulta, justamente para compensar a diminuição natural da capacidade de síntese muscular. Isso não significa exagero, mas sim atenção e equilíbrio. Fontes como peixes, ovos, carnes magras, leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), tofu e laticínios são excelentes opções. Para vegetarianos ou pessoas que preferem reduzir a ingestão de carne, a combinação de diferentes fontes vegetais garante boa oferta de aminoácidos.
Outro ponto que costuma gerar dúvidas é o uso de suplementos proteicos, como whey protein. Eles podem ser úteis em casos específicos — como pessoas que têm dificuldade em atingir a quantidade diária recomendada apenas com a alimentação — mas não são obrigatórios. Sempre que possível, é melhor priorizar alimentos naturais, que trazem não apenas proteínas, mas vitaminas, minerais e fibras.
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Em um cotidiano corrido, vale adotar estratégias práticas: deixar porções de alimentos prontos na geladeira, usar preparos simples como omeletes, saladas com leguminosas, peixes grelhados e frutas acompanhadas de iogurte. Com o passar do tempo, esses hábitos constroem uma rotina mais nutritiva e sustentável, sem exigir mudanças radicais.
Envelhecer com autonomia é um objetivo compartilhado por muitas pessoas — e a proteína é uma aliada poderosa nesse processo. Ela fortalece músculos, preserva funções vitais e ajuda o corpo a continuar fazendo aquilo que dá sentido à vida: mover-se, participar, aproveitar. Com pequenas escolhas diárias, é possível manter vitalidade, disposição e independência por muitos anos.








