O aguardado leilão para a implementação da tecnologia 6G no Brasil, previsto para ocorrer em outubro de 2026, tem enfrentado resistência significativa por parte de provedores de internet ligados à Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint). O principal ponto de discórdia é a proposta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de destinar parte da faixa de frequência de 6 GHz para o uso exclusivo do 6G.
Leia mais: Apple anuncia apoio à lei para proteger crianças na internet nos EUA
Atualmente, a faixa de 6 GHz é amplamente utilizada pelas tecnologias Wi-Fi 6E e Wi-Fi 7, que operam em regime não licenciado. A Anatel propõe dividir essa faixa, destinando metade para o serviço móvel 6G e preservando a outra metade para uso do Wi-Fi. Essa medida visa garantir espectro contínuo e amplo, essencial para que o 6G ofereça maior velocidade, menor latência e maior capacidade de conexão.
Entretanto, a Abrint argumenta que a integralidade da faixa de 6 GHz é fundamental para a expansão e consolidação das redes Wi-Fi 6E e 7, tecnologias que já atendem a milhões de usuários no país e que são cruciais para a conectividade residencial e empresarial. Em assembleia realizada em maio, a entidade aprovou a possibilidade de recorrer judicialmente caso a decisão da Anatel seja mantida após a fase administrativa.
O conselheiro substituto da Anatel, Vinícius Caram, estima que o leilão do 6G poderá atrair investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, com impacto significativo no desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil. A agência abrirá consulta pública em agosto para debater as propostas relativas às faixas de frequência, incluindo a faixa entre 5.925 MHz e 7.125 MHz, que será objeto do leilão.
Caso a decisão da Anatel seja mantida, a disputa judicial poderá atrasar o cronograma do leilão e impactar o avanço das tecnologias móveis no país. O cenário ainda está em desenvolvimento e acompanha as discussões entre o setor regulatório e os provedores de internet.