O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta segunda-feira (14), que poderá impor um pacote de tarifas severas, da ordem de 100% sobre os valores já aplicados, caso o governo de Vladimir Putin não firme um acordo de paz na Ucrânia em até 50 dias. A ameaça foi feita durante reunião na Casa Branca com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte.
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“Estamos muito, muito insatisfeitos com a Rússia, e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias”, afirmou Trump.
Em comunicado oficial, a Casa Branca confirmou que a taxa será de 100% caso o cessar-fogo não seja concretizado dentro do prazo estipulado.
Além das ameaças comerciais, Trump anunciou o envio de uma nova remessa de armamentos para as tropas ucranianas, marcando uma retomada significativa da ajuda militar dos EUA a Kiev. O presidente reforçou que serão enviados sistemas antimísseis Patriot, considerados o mais avançado equipamento de defesa ocidental já destinado à Ucrânia.

O sistema Patriot, que custa cerca de US$ 3 milhões por unidade, é capaz de interceptar mísseis e drones russos, e seu uso na Ucrânia já foi classificado por Putin como “uma provocação”. Trump explicou que os EUA enviarão não só os mísseis, mas também as baterias de lançamento por meio da Otan, agilizando a operação das tropas ucranianas no campo de batalha.
“Teremos alguns chegando muito em breve, dentro de alguns dias… alguns países que possuem Patriots farão a troca e substituirão os Patriots pelos que já possuem. É um complemento completo com as baterias”, declarou.
A decisão representa uma mudança na política americana em relação à guerra. No fim de julho, o Pentágono havia suspendido o envio de alguns armamentos de precisão para Kiev, e Trump vinha sinalizando uma aproximação com Putin desde o início de sua segunda gestão, iniciada em janeiro de 2025. Inclusive, houve tentativas de negociar um cessar-fogo sem a presença da Ucrânia nas conversas, o que gerou forte resistência internacional.
Em fevereiro, ao receber o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para uma reunião na Casa Branca, Trump protagonizou um episódio tenso: diante da imprensa no Salão Oval, bateu boca e levantou a voz com Zelensky, acusando-o de querer incitar uma Terceira Guerra Mundial. Após a confusão, a reunião chegou a ser cancelada, e Zelensky deixou a Casa Branca antes da hora.

Em paralelo, o norte-americano chegou a elogiar Vladimir Putin, mas, aos poucos, passou a demonstrar decepção com o líder russo após Moscou recusar diversas vezes as condições impostas por Washington para um cessar-fogo na Ucrânia. Recentemente, Trump chegou a chamar Putin de “inútil” e tem criticado os bombardeios russos à Ucrânia.
Sobre o aspecto econômico, Trump defendeu o aumento das tarifas à Rússia afirmando que “o comércio é excelente para resolver guerras”. Desde o início do conflito, em março de 2022, os EUA aplicam um extenso pacote de sanções econômicas contra Moscou, que praticamente congelou o comércio bilateral.
Mesmo assim, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA, em 2024 o comércio entre os dois países atingiu cerca de US$ 3,5 bilhões, envolvendo produtos como fertilizantes, metais e combustível nuclear.
A nova postura de Trump sinaliza uma intensificação da pressão contra a Rússia para forçar uma solução negociada para o conflito ucraniano, enquanto reforça o apoio militar direto a Kiev.