Bebidas adulteradas com metanol em SP: cinco mortes suspeitas e investigações ampliadas

O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol já provocou uma morte confirmada e outras quatro suspeitas em São Paulo, segundo o governador Tarcísio de Freitas. O anúncio foi feito nesta terça-feira (30) em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, onde o governo estadual detalhou as medidas de fiscalização e combate ao crime.

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De acordo com Tarcísio, o estado já acumula 22 casos relacionados ao consumo de bebidas com metanol, sendo 17 ainda em investigação. O óbito confirmado ocorreu na cidade de São Paulo, mas há registros de outras ocorrências em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

São quatro pessoas da cidade de São Paulo e uma pessoa que faleceu em São Bernardo do Campo, mas que provavelmente consumiu a bebida aqui na capital, afirmou o governador.

Durante a coletiva, Tarcísio descartou a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no esquema de falsificação. O governo informou que estabelecimentos suspeitos serão fechados cautelarmente para rastrear a origem das bebidas.

Segundo Tarcísio, nos últimos dias, as autoridades apreenderam 50 mil garrafas de bebida com suspeita de adulteração e 15 milhões de selos fraudados.

“Há de fato um problema estrutural que não é só do estado de SP, é do Brasil. Temos que pensar como fazer a fiscalização e diminuir a incidência dessas bebidas adulteradas, clandestinas”, afirmou o governador.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou que o problema não se restringe a São Paulo:

“Do nosso ponto de vista é uma ocorrência grave e que tem reflexos, inclusive, na saúde pública. Determinamos à Polícia Federal a abertura de um inquérito para verificar a procedência da droga e a rede de distribuição, que transcende os limites de um único estado.

O que é o metanol?

O metanol é um líquido incolor, inflamável e altamente tóxico. É utilizado na indústria como solvente e na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos. Quando ingerido, mesmo em pequenas doses, pode causar cegueira, danos irreversíveis ao fígado e ao sistema nervoso, além de levar à morte.

Segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS), a substância foi identificada em amostras de destilados consumidos por jovens adultos. O Ciatox de Campinas também confirmou a presença do álcool em bebidas analisadas.

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Sintomas da intoxicação

Uma única dose adulterada pode provocar visão turva, dor abdominal, náusea, tontura, convulsões e evoluir para falência múltipla de órgãos.

Foi o que aconteceu com Diogo Marques, 23 anos, que sofreu cegueira temporária, e com Rafael Martins, internado há mais de um mês com complicações graves após ingerirem a mesma bebida.

Situação em números

  • 1 morte confirmada em São Paulo.
  • 4 mortes suspeitas em investigação.
  • 22 casos notificados no estado, sendo 17 sob análise.
  • Desde junho, 6 intoxicações por metanol foram oficialmente registradas pelo CVS, incluindo os óbitos.

Risco além da saúde: falsificação em massa

O problema das bebidas adulteradas não é novo. Um levantamento da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo (Fhoresp), divulgado em abril deste ano, revelou que 36% das bebidas comercializadas no Brasil apresentam algum tipo de fraude, falsificação ou contrabando.

O estudo apontou ainda que:

  • 1 em cada 5 garrafas de vodca vendidas no país é adulterada;
  • Vinhos e destilados são os mais afetados.

A Fhoresp, que representa cerca de 500 mil empresas do setor, defende uma ação articulada das autoridades para desmantelar os esquemas de falsificação.

Segundo o diretor-executivo da entidade, Edson Pinto, bares e restaurantes sérios também sofrem prejuízos com fornecedores que adulteram bebidas:

A maioria dos estabelecimentos atua corretamente, mas são atingidos por essa rede criminosa.

Como se proteger

O governo e especialistas reforçam algumas medidas para evitar riscos:

  • Comprar apenas em locais confiáveis;
  • Verificar rótulo, lacre e selo fiscal das garrafas;
  • Desconfiar de preços muito abaixo da média;
  • Em caso de suspeita, não consumir e acionar a Vigilância Sanitária.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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