Casa própria: SFH passa a financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões com até 80% de entrada

O governo federal anunciou, nesta sexta-feira (10), em cerimônia em São Paulo, uma nova linha de crédito para compra da casa própria com foco na classe média, com o objetivo de destinar mais recursos ao financiamento imobiliário e viabilizar a construção de mais moradias no país.

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Principais mudanças no financiamento habitacional

  • Valor máximo do imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, segundo o Palácio do Planalto.
  • A Caixa Econômica Federal voltará a financiar até 80% do valor do imóvel por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Atualmente, o financiamento máximo era de 70%.
  • O novo modelo beneficia principalmente operações dentro do SFH voltadas à classe média, expandindo o investimento no setor da construção civil e a geração de empregos.
  • O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que a Caixa poderá financiar até 80 mil novos imóveis com juros de até 12% ao ano, abaixo da taxa básica da economia, que atualmente está em 15% ao ano.

Segundo Jader Filho, a medida atende a uma faixa da população que anteriormente estava sem acesso a crédito habitacional.

“Hoje, as famílias nas faixas de renda 1, 2, 3 e 4, que vão até R$ 12 mil, são atendidas pelo Minha Casa Minha Vida. Acima disso, as pessoas estavam sem alternativas, a não ser que ganhem muito bem para suportar juros de mercado”, explicou.

Como funcionará o novo modelo

Pelas regras atuais:

  • 65% dos recursos captados pelos bancos via caderneta de poupança são obrigatoriamente direcionados ao crédito imobiliário;
  • 15% ficam livres para outras operações;
  • 20% são retidos no Banco Central como depósitos compulsórios.

Nos últimos anos, a queda nos saldos de poupança reduziu o volume de crédito imobiliário disponível, já que grande parte dos recursos não permanecia na caderneta.

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Com o novo modelo:

  • Até 5% dos saldos de poupança usados para crédito imobiliário poderão ser deduzidos dos compulsórios;
  • O Banco Central estima que R$ 111 bilhões de recursos estarão disponíveis no primeiro ano, R$ 52,4 bilhões a mais que o modelo anterior, sendo R$ 36,9 bilhões imediatamente liberados para financiamento habitacional.

O governo explicou que, gradualmente, o direcionamento obrigatório de 65% da poupança será eliminado, assim como os depósitos compulsórios relacionados. A intenção é liberar recursos que hoje ficam retidos no Banco Central, aumentando o crédito imobiliário.

Haddad em São Paulo, com Alckmin e Lula - Foto: Maria Isabel Oliveira
Haddad em São Paulo, com Alckmin e Lula – Foto: Maria Isabel Oliveira

Em setembro de 2025, os recursos vinculados à habitação na poupança somavam R$ 755 bilhões, abaixo do recorde de R$ 801 bilhões em dezembro de 2020. Essa queda ocorreu principalmente devido à baixa rentabilidade da poupança frente à alta da taxa básica de juros, que favorece aplicações em renda fixa.

Reação das autoridades e setor

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a ampliação do uso dos recursos da poupança combinada com valores captados no mercado permitirá mais crédito imobiliário sem elevar os juros cobrados nos financiamentos.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, as mudanças recentes no FGTS, que limitaram a antecipação de saques-aniversário, somadas ao aumento de financiamento à classe média, elevam a oferta de moradias e mudam o cenário da habitação no país.

Segundo o governo, o novo modelo:

  • Maximiza a poupança como fonte de financiamento, aumentando a oferta de crédito conforme os depósitos crescem;
  • Incorpora depósitos interfinanceiros imobiliários, permitindo que instituições que não captam poupança também ofereçam crédito habitacional em condições equivalentes;
  • Aumenta a competição entre instituições financeiras e amplia o acesso ao crédito para a classe média.

O presidente Lula destacou que a medida atende trabalhadores que antes não tinham acesso ao crédito habitacional, como metalúrgicos, bancários, químicos, gráficos e professores que ganham entre R$ 8 mil e R$ 10 mil por mês.

“Esse programa foi feito pensando nessa gente, pensando em dar o direito de ter sua casinha um pouco melhor”, afirmou.

O vice-presidente Geraldo Alckmin comemorou a medida em rede social, destacando que “moradia é direito e crédito é a forma de alcançá-lo”, com financiamentos entre R$ 5 mil e R$ 30 mil, para famílias com renda de até R$ 9.600, com juros reduzidos.

Período de transição

A transição para o novo modelo será gradual, iniciando ainda em 2025, com plena vigência prevista para janeiro de 2027. Até lá:

  • 65% dos recursos da poupança continuam direcionados ao crédito habitacional;
  • Dos 35% restantes, 20% vão para o Banco Central e 15% para operações livres;
  • Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido para 15% e 5% aplicados no novo regime.

Com a medida, o governo federal busca ampliar o acesso à casa própria, fortalecer a construção civil e aumentar a disponibilidade de crédito imobiliário para famílias de classe média.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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