O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com sua política anti-imigração, atingiu outro patamar nesta semana. Em um esforço para remodelar as fronteiras e extinguir a presença de não cidadãos americanos no país, Donald Trump tomou medidas duras contra a Califórnia e articulou uma grande controvérsia com operações de repatriação em parceria com a Venezuela.
Os impactos são rápidos e afetam desde a vida de milhares de imigrantes até as relações diplomáticas, em um cenário de tensão e incerteza desenhado por Trump.
LEIA TAMBÉM: Lula reage a Trump: “Carta foi desaforada” e critica tentativa de interferência no Brasil
Califórnia – Estado santuário
A Califórnia, estado conhecido por suas políticas de proteção a imigrantes – os chamados “Estados Santuário” –, tem representado um obstáculo para o então presidente Donald Trump, implicando diretamente com sua política anti-imigratória. Por conta disso, o alvo de Trump virou a Califórnia, que agora enfrenta uma dura batalha com o governo.
Departamento de Justiça aumenta cerco a imigrantes em prisões californianas
O Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos intensificou nesta semana a pressão sobre a Califórnia, solicitando a diversos departamentos de xerifes de Los Angeles e São Francisco uma lista detalhada de todos os imigrantes presos, com a requisição dos crimes pelos quais houve detenção ou condenação e também a data de suas solturas.
Segundo a procuradora-geral Pam Bondi, à frente do Departamento de Justiça, o objetivo é ajudar as autoridades de imigração a priorizar a deportação de imigrantes que cometeram crimes. Segundo ela, esses indivíduos “Representam um risco maior à segurança nacional”.
No entanto, de acordo com dados do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), uma estatística entre 1º e 26 de junho deste ano revela que:
- 68% das 2.031 pessoas detidas na área metropolitana de Los Angeles não tinham antecedentes criminais.
- 57% nunca haviam sido acusadas de qualquer crime.
Washington espera que os departamentos de prisões da Califórnia forneçam as informações solicitadas voluntariamente ou enfrentem sanções legais.
Migrantes venezuelanos, El Salvador e a controversa “troca”

252 migrantes venezuelanos chegaram a Caracas no dia 19 de julho, vindos do Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot) em El Salvador. Esses imigrantes haviam sido detidos pelos Estados Unidos sob a acusação de pertencerem à gangue criminosa “Tren de Aragua”, que foi declarada como organização terrorista pelo governo de Trump, invocando assim a Lei dos Inimigos dos Estrangeiros de 1798, usada para a rápida expulsão dos venezuelanos do país.
A “troca”
O projeto de repatriação dos migrantes para a Venezuela faz parte de uma espécie de acordo firmado entre EUA e Venezuela, a chamada “troca”, que visava a soltura de 10 políticos americanos e venezuelanos detidos por Caracas. As identidades dos envolvidos na “troca” ainda não foram esclarecidas.
No total, cerca de 8.300 migrantes retornaram à Venezuela entre fevereiro e esta sexta-feira em 45 voos, incluindo crianças que haviam sido separadas dos pais. A ONG Cristosal, que atuava na defesa desses migrantes, reforça que a libertação não “apaga a gravidade das violações de direitos humanos” sofridas, demandando uma investigação formal. O debate sobre as condições de detenção é amplificado por imagens chocantes divulgadas em março, que mostravam os homens algemados e acorrentados de joelhos no Cecot.