Condenação de Bolsonaro repercute internacionalmente como marco histórico

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) chamou a atenção da imprensa internacional, que classificou o julgamento como um episódio histórico e de grande impacto político. A decisão, formada com o voto decisivo da ministra Cármen Lúcia nesta quinta-feira (11), responsabilizou Bolsonaro e outros sete réus, apontados como os principais integrantes do núcleo da chamada trama golpista.

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Agências e jornais estrangeiros destacaram diferentes dimensões da sentença. A Reuters ressaltou que Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente brasileiro condenado por atentado à democracia, após tentar permanecer no poder mesmo tendo perdido a eleição de 2022.

Já o The Guardian afirmou que o ex-presidente poderá cumprir décadas de prisão por liderar a conspiração criminosa e elogiou a postura de Cármen Lúcia, que denunciou a tentativa de “semear a semente maligna da antidemocracia”, mas celebrou a resistência das instituições brasileiras. O jornal britânico também mencionou o voto divergente de Luiz Fux, que absolveu Bolsonaro ao alegar ausência de provas de envolvimento em um complô golpista.

O Washington Post destacou que ainda falta o voto do ministro Cristiano Zanin, que pode definir o desfecho final, e que os advogados do ex-presidente já anunciaram que recorrerão ao pleno do STF.

The Washignton Post repercute a formação de maioria no STF para condenação de Bolsonaro - Foto: Reprodução/The Washington Post
The Washignton Post repercute a formação de maioria no STF para condenação de Bolsonaro – Foto: Reprodução/The Washington Post

O Wall Street Journal avaliou que a condenação poderá inflamar tensões internacionais, sobretudo entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e descreveu o episódio como a queda dramática de Bolsonaro e de seus aliados de direita, que chegaram ao poder em 2018 prometendo lei e ordem em um país marcado por corrupção e instabilidade.

A agência Bloomberg enfatizou que Bolsonaro acusa o STF de perseguição política, mas destacou que a condenação representa um precedente importante contra tentativas de golpe de Estado. O veículo também lembrou que tramita no Congresso um projeto de lei de anistia que poderia beneficiar o ex-presidente, embora o Senado tenha demonstrado pouco apoio à proposta.

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O The Economist relembrou declarações de Bolsonaro em 2022, quando afirmou que não seria preso caso perdesse as eleições, e afirmou que o julgamento mostrou que ele estava equivocado, destacando o caráter histórico da sentença no contexto dos golpes e crises políticas que o Brasil enfrentou desde sua independência, incluindo a ditadura militar de 1964 a 1985.

O jornal espanhol El País avaliou que o país deu um passo importante contra a impunidade e destacou a pressão internacional sobre a Corte, incluindo tentativas de interferência de Trump, ressaltando ainda que o voto decisivo foi dado pela única mulher no STF.

A BBC explicou que a condenação foi formada após três dos cinco juízes da Primeira Turma considerarem Bolsonaro culpado de liderar a conspiração para se manter no poder após as eleições de 2022, lembrando que a trama culminou na invasão de prédios governamentais em 8 de janeiro de 2023.

Repercussão da condenação de Bolsonaro e mais sete pelo STF na BBC - Foto: Reprodução/BBC
Repercussão da condenação de Bolsonaro e mais sete pelo STF na BBC – Foto: Reprodução/BBC

Por fim, o argentino Clarín classificou o julgamento como histórico, apontando que Bolsonaro pode pegar até 40 anos de prisão, e mencionou que o ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde agosto, não tendo participado das sessões por questões de saúde.

A decisão colocou o Brasil sob os holofotes internacionais e foi considerada um marco para a preservação da democracia, reforçando o papel das instituições brasileiras na contenção de tentativas de golpe.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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