Moraes aponta 13 atos que evidenciam atuação de “organização criminosa” liderada por Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentou nesta terça-feira (9) um levantamento de 13 episódios que, segundo ele, comprovam a existência de uma organização criminosa articulada para promover um golpe de Estado no Brasil. O julgamento em curso pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à prisão.

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Em sua manifestação, Moraes exibiu slides que listavam fatos ocorridos entre junho de 2021 e 8 de janeiro de 2023, período em que teria se consolidado a atuação do grupo, descrito como permanente, hierarquizado e com divisão de tarefas, características que configuram o crime de organização criminosa.

Os 13 atos destacados por Moraes

De acordo com o ministro, os pontos que demonstram a atuação coordenada foram:

  • Uso de órgãos públicos para monitorar adversários políticos e atingir o Judiciário;
  • Ameaças à Justiça Eleitoral em transmissões ao vivo e entrevistas em julho e agosto de 2021;
  • Restrição ao Poder Judiciário por meio de graves ameaças durante os atos de 7 de setembro de 2021;
  • Reunião ministerial de 5 de julho de 2022;
  • Encontro com embaixadores em 18 de julho de 2022, quando Bolsonaro questionou o sistema eleitoral;
  • Uso indevido da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições de 2022;
  • Utilização irregular das Forças Armadas em relatório sobre as urnas eletrônicas;
  • Ações após o segundo turno: live em 4 de novembro, monitoramento de autoridades em 21 de novembro, representação eleitoral, reunião do grupo chamado “Kids Pretos” em 28 de novembro e a elaboração da chamada “Carta ao Comandante”;
  • Planejamento das operações “Punhal Verde e Amarelo” e “Copa 2022”;
  • Execução de ações subsequentes, como o monitoramento do presidente eleito, “Operação Luneta”, “Operação 142” e “Discurso Pós-Golpe”;
  • Minuta do golpe, apresentada a comandantes das Forças Armadas;
  • Tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, com invasão e depredação das sedes dos Três Poderes;
  • Criação de um Gabinete de Crise após os ataques em Brasília.

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Réus e acusações

No núcleo central do processo, além de Bolsonaro, estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, almirante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, general, ex-ministro e candidato a vice-presidente em 2022.

Os réus respondem a acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e ameaça grave, além de deterioração de patrimônio tombado.

No caso de Ramagem, a Câmara dos Deputados suspendeu parte da ação penal, e ele responde apenas por três desses crimes.

Votação e cronograma

Moraes foi o primeiro a votar, rejeitando todas as preliminares levantadas pela defesa e validando a delação premiada de Mauro Cid. Após ele, votam Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

As sessões do julgamento estão programadas para ocorrer nos dias 9, 10, 11 e 12 de setembro, com horários definidos entre a manhã e a tarde.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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