Mauro Vieira se reúne com Marco Rubio na Casa Branca para negociar fim do tarifaço

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu nesta quinta-feira (16) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na Casa Branca, em Washington (EUA). O encontro, que durou cerca de 15 minutos, marcou mais um passo na tentativa de reaproximação diplomática entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, após semanas de atrito comercial entre os dois países.

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A conversa aconteceu a portas fechadas, sem acesso da imprensa, mas há expectativa de que Vieira conceda declarações a jornalistas brasileiros após o encontro.

Tarifaço e o impasse comercial

O principal pano de fundo da reunião foi o tarifaço de 50% aplicado pelo governo Trump a diversos produtos brasileiros, medida que gerou forte impacto sobre exportações do país e foi interpretada por diplomatas como um movimento protecionista norte-americano.

De acordo com fontes ligadas à diplomacia brasileira, o objetivo do Brasil é reverter o aumento tarifário para o maior número possível de produtos, buscando restabelecer o fluxo comercial e a confiança entre as duas economias.

Por outro lado, os Estados Unidos pretendem negociar as condições dessa reversão, utilizando o tema como instrumento de pressão em outras pautas de interesse geopolítico.

O encontro entre Vieira e Rubio ocorre uma semana após o telefonema entre Lula e Trump, no qual ambos os líderes sinalizaram disposição para o diálogo. O encontro desta quinta-feira é visto como mais uma etapa na distensão das relações bilaterais.

O papel do Brics e a moeda comum

Entre os principais pontos de negociação, está também a posição brasileira no Brics — bloco que reúne 11 países e funciona como um foro de articulação político-diplomática e cooperação econômica entre as principais economias emergentes do chamado Sul Global.

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Durante um encontro com o presidente da Argentina, Javier Milei, Trump sinalizou preocupação com a proposta do Brics de criar uma moeda comum que substitua o dólar nas transações comerciais entre os países membros.

O presidente norte-americano deixou claro que gostaria de ver o Brasil se afastar dessa ideia, vista por Washington como uma ameaça à hegemonia do dólar no comércio internacional.

O presidente Lula já abordou diversas vezes o tema em seus discursos sobre política internacional, defendendo uma maior autonomia financeira dos países do Sul Global. No entanto, assessores próximos ao petista têm aconselhado pragmatismo, sugerindo que o governo deixe a discussão de lado por ora para evitar atritos desnecessários com os Estados Unidos.

Geopolítica e o futuro das relações bilaterais

Embora o Brasil busque concentrar o diálogo em temas econômicos, há a percepção em Brasília de que os EUA pretendem ampliar o debate para questões políticas e estratégicas.

Fontes diplomáticas indicam que Marco Rubio deve abordar assuntos de interesse norte-americano na América Latina, como as situações políticas em Venezuela e Cuba, países frequentemente mencionados nos discursos de Rubio e considerados pontos sensíveis na política externa dos Estados Unidos.

Além disso, os norte-americanos devem aproveitar o encontro para ajustar detalhes do futuro encontro entre Lula e Trump, previsto para ocorrer nos próximos meses. O objetivo seria definir uma agenda de cooperação mais equilibrada, que contemple avanços econômicos, compromissos ambientais e estabilidade política regional.

Próximos passos

Com a reunião em Washington, o governo brasileiro busca mostrar disposição diplomática e flexibilidade estratégica, reforçando a imagem de um Brasil ativo nas negociações internacionais, mas pragmático diante das tensões globais.

O Itamaraty acredita que, mesmo diante das divergências em torno do Brics e das tarifas, é possível restabelecer um diálogo produtivo com os Estados Unidos, garantindo benefícios mútuos e estabilidade para o comércio bilateral.

Enquanto isso, todas as atenções se voltam para as declarações que Mauro Vieira poderá fazer após o encontro, que devem indicar os próximos passos da política externa brasileira em meio a um cenário internacional cada vez mais complexo e estratégico.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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