Lula anuncia criação de universidade indígena durante visita à aldeia no Pará

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve, no último domingo (2/11), na Aldeia Vista Alegre do Capixauã, situada na Reserva Extrativista Tapajós‑Arapiuns, no Pará. A ação integra os preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que terá sua cúpula de chefes de Estado nos dias 6 e 7 de novembro.

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Diálogo com povos indígenas

Lula participou de uma roda de conversa com caciques do povo Kumaruara, acompanhado pelas ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas). Desde a confirmação de Belém como sede da COP-30, o presidente destaca a importância de sediar o evento em uma região amazônica, para que líderes mundiais observem de perto o bioma e a realidade dos povos que o habitam.

Durante o encontro, o presidente Lula afirmou:

“Sempre acho que a gente tem que ver com os próprios olhos e pegar na mão das pessoas para sentir como é que as crianças estudam, as condições, a alimentação que as crianças têm, o que produzem, para quem vendem, se tem mercado e como fazem para levar os produtos para vender em uma cidade”.

Preservação e sustentabilidade em foco

A ministra Marina Silva destacou que a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns serve como exemplo de manejo sustentável e preservação ambiental. Segundo ela, “aqui se preserva 88%, pessoas que vivem aqui há milhares de anos, a maior lição que existe para mostrar que é possível ter muita gente e preservar. No atual governo conseguimos reduzir muito o desmatamento no geral, mas nas unidades de conservação a queda foi de 31% em relação ao ano passado e de 74% em comparação ao governo anterior

Compromissos com os povos originários

Sonia Guajajara reafirmou que o governo brasileiro acompanhará com olhar atento às demandas e reivindicações. “O que couber a nós, vamos encaminhar, e o que couber a outros ministérios, vamos articular para que a gente possa atender o máximo que a gente puder e tiver ao nosso alcance”.

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, enalteceu o papel do território indígena na preservação da biodiversidade, aliada aos saberes ancestrais.

“A demarcação é importante para a vida dos povos indígenas. Temos feito ações na linha de fortalecer a autonomia, a sustentabilidade, mas também a proteção territorial. Estamos juntos nessa luta e o nosso compromisso é coletivo.”

Anúncio de novas políticas públicas

Durante a visita, Lula ouviu reivindicações e assumiu compromissos para ampliar políticas públicas voltadas à saúde, educação, energia e habitação. Entre os destaques está a construção de um centro de saúde equipado e a expansão de escolas padrão MEC. Além disso, ele anunciou a criação de uma universidade indígena, com sede em Brasília e polos nos estados.

“Haverá construção e ampliação das escolas padrão MEC, que é outra coisa que a gente pode atender após levantamento e reunião com o ministro da Educação e a Funai, disse o presidente. “Vamos anunciar ainda uma universidade indígena, com sede em Brasília. Já tem até prédio. Pode ter o curso principal lá, mas os estados vão fazer extensão para os jovens próximos de onde moram”.

Panorama da reserva e liderança local

A Reserva Tapajós-Arapiuns, criada em 1998, foi a primeira do Pará. Com cerca de 690 mil hectares, abrange os municípios de Santarém e Aveiro. Na Aldeia Vista Alegre vivem 27 famílias sob a liderança da cacique Irenilce Kumaruara, de 43 anos.

“Sou a primeira mulher cacique e não é só isso. Tenho uma junta de mais quatro mulheres coordenando a aldeia, relatou, orgulhosa. Juntas, elas gerenciam a pousada local — um exemplo de economia sustentável.

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