Lula reage a Trump: “Carta foi desaforada” e critica tentativa de interferência no Brasil

Durante evento na Bahia nesta quinta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o republicano anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e sugerir que o Brasil deveria “mudar de rumo” em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro. Lula classificou a carta enviada por Trump como “desaforada” e afirmou que os EUA não têm autoridade para interferir nem na economia brasileira, nem no funcionamento do Pix.

Segundo o presidente, a ofensiva norte-americana pode ter ligação direta com a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que teria ido aos Estados Unidos para tentar convencer Trump a interceder politicamente em favor do pai.

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“Esses dias, o presidente Trump, sabe-se lá por qual motivo, talvez a pedido do filho do ‘coisa’, que é deputado e foi pedir licença pra isso, resolveu mandar uma carta ameaçando o Brasil. Disse que, se não soltarem Bolsonaro e pararem de “perseguir” ele, vai taxar o Brasil em 50% a partir de 1º de agosto. Uma coisa absurda”, declarou Lula, durante cerimônia do programa “Agora Tem Especialistas”.

Mais cedo, Trump já havia publicado em sua rede social uma nova mensagem direcionada a Jair Bolsonaro. No texto, o presidente americano pressiona pela suspensão do julgamento do ex-presidente brasileiro no Supremo Tribunal Federal e admite usar tarifas econômicas para influenciar o processo político no Brasil.

Lula rebateu: disse que Trump não tem direito de opinar sobre decisões da Justiça brasileira, e muito menos sobre o funcionamento do Pix, alvo recente de uma investigação aberta pelo Escritório de Comércio dos EUA. Os americanos alegam que a ferramenta brasileira pode representar uma prática “desleal” por supostamente dificultar a entrada de produtos dos EUA no mercado nacional.

“Ele agora está incomodado com o Pix. Por quê? Porque o Pix atrapalha os interesses dos cartões de crédito. E o que a gente vai fazer? Criar o Pix parcelado, uma inovação nossa. Isso é assunto do Brasil. Não tem americano que tenha que dar palpite nisso”, afirmou Lula.

Soberania em jogo

A escalada de tensões levou o governo federal a reforçar o discurso em defesa da soberania nacional. O Palácio do Planalto já criou um grupo de trabalho para dialogar com empresários brasileiros e americanos, com foco em encontrar uma resposta conjunta antes do início da tarifação prometida por Trump.

“A gente mandou uma carta para o governo americano em 16 de maio. Até agora, nenhuma resposta. Mas estamos nos preparando. Vamos ouvir os empresários, do agro, da indústria, e no dia 1º de agosto vamos responder à altura”, completou o presidente.

Lula também voltou a afirmar que Jair Bolsonaro será julgado pela Suprema Corte e, se condenado, deverá cumprir pena. Segundo ele, há provas claras de tentativa de golpe de Estado e até planos para atentados contra autoridades do país, com base em delações de militares próximos ao ex-presidente.

“Quem vai julgar Bolsonaro é o STF, não é presidente da República, nem governador. Ele quis dar um golpe, planejou matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes. Isso foi dito pelos próprios generais que estão presos. Se for condenado, vai para o xilindró. Aqui, a lei vale para todo mundo”, concluiu.

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