Sem apoio consolidado do Centrão, Lula aposta em negociações nos estados para 2026

Com o cenário político nacional ainda em ebulição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se vê diante de um desafio estratégico: garantir uma base sólida para sua reeleição em 2026 sem o apoio formal do Centrão. Apesar de partidos como União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB ocuparem ministérios e cargos importantes no governo, eles evitam se comprometer oficialmente com o projeto de reeleição do petista.

A aposta nos palanques estaduais

Diante da incerteza em Brasília, Lula tem intensificado as negociações diretamente nos estados, buscando construir palanques fortes com lideranças locais — uma estratégia já tradicional em sua carreira política. No Nordeste, o cenário é mais favorável, com apoio crescente de lideranças regionais. No Norte e Centro-Oeste, no entanto, o trabalho é mais delicado, exigindo composições específicas para cada estado.

Além de fortalecer a presença do PT e de partidos aliados como o PSB, PDT e PCdoB, Lula mira atrair segmentos moderados do Centrão, ainda que as direções nacionais dessas legendas permaneçam hesitantes.

Resistência interna e disputa no União Brasil

Internamente, há críticas à excessiva aproximação do governo com o Centrão. Carlos Siqueira, presidente do PSB, alertou que Lula deveria priorizar os partidos da esquerda tradicional, ao invés de apostar em acordos frágeis com siglas que historicamente não demonstram lealdade. Ele também reforçou a necessidade de manter a chapa com Geraldo Alckmin para 2026, avaliando que a recente eleição municipal de 2024 sinalizou riscos para o campo progressista.

No União Brasil, partido-chave nas articulações, há divisões: enquanto o ministro do Turismo, Celso Sabino, declarou que a “ampla maioria” do partido deseja apoiar Lula e até sugeriu que a sigla poderia pleitear a vaga de vice na chapa, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lançou-se como pré-candidato à presidência, assumindo abertamente uma postura de oposição.

Um tabuleiro ainda indefinido

Com a oposição bolsonarista ainda forte no Senado e a esquerda buscando se reorganizar após derrotas municipais, Lula precisa equilibrar a construção de alianças nacionais com a costura paciente de bases estaduais. A estratégia visa garantir não apenas votos para a eleição presidencial, mas também uma maioria parlamentar que assegure a governabilidade em um eventual quarto mandato.

As próximas semanas serão decisivas para desenhar o novo mapa político que sustentará a campanha de 2026 — e Lula, experiente nas disputas eleitorais, sabe que o caminho até lá será de muita negociação.

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