Lula diz que ‘Lulinha paz e amor’ volta se Trump quiser negociar tarifaço

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (29), em entrevista à Rádio Itatiaia, que não tem pressa para adotar medidas de reciprocidade contra os Estados Unidos, mas reforçou que o Brasil já iniciou o processo. Segundo ele, a prioridade é negociar para resolver o impasse sobre a taxação de 50% contra produtos brasileiros.

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“Esse é um processo um pouco demorado. Eu não tenho pressa de fazer qualquer coisa com a reciprocidade contra os EUA. Tomei a medida porque precisa andar o processo. Temos que dizer que nós também temos coisas para fazer contra os EUA, mas eu não tenho pressa, porque eu quero negociar”, disse Lula.

O presidente afirmou ter colocado à disposição do governo norte-americano ministros de áreas estratégicas, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o das Relações Exteriores Mauro Vieira, mas destacou que é o governo Trump que não demonstra disposição para discutir a taxação.

“Se o Trump quiser negociar, o ‘Lulinha paz e amor’ está de volta. Eu não quero guerra com os EUA, eu quero negociar”, declarou.

Lula ainda ressaltou que mais de 73% dos produtos americanos entram no Brasil sem tarifas.

“Dos dez mais importantes, oito são zerados, sendo que a média de imposto paga pelos EUA é de 2,7%. É quase nada”, afirmou.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante posse de diretores de agências reguladoras, no Palácio do Planalto - Valter Campanato/Agência Brasil
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante posse de diretores de agências reguladoras, no Palácio do Planalto – Valter Campanato/Agência Brasil

Apesar do tom conciliador, o governo federal deu início nesta quinta-feira (28) ao processo que pode resultar na aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos. A medida permitiria ao Brasil impor tarifas pesadas como resposta ao tarifaço norte-americano.

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O Ministério das Relações Exteriores (MRE) já notificou a Câmara de Comércio Exterior (Camex) sobre o tema. A Camex terá 30 dias para avaliar se a legislação pode ser aplicada.

O Brasil pretende ainda notificar oficialmente os EUA nesta sexta-feira (29). Diplomatas brasileiros acreditam que a medida pode abrir espaço para um novo diálogo com Washington, que até o momento tem evitado negociações.

De acordo com informações apuradas pela TV Globo e pelo blog da jornalista Ana Flor, Lula já havia solicitado estudos sobre medidas setoriais nos segmentos de óleo e gás, farmacêutico e agrícola.

Entre as alternativas em debate por especialistas está até mesmo a suspensão de direitos de propriedade intelectual, o que poderia incluir a quebra de patentes de medicamentos e defensivos agrícolas — uma decisão considerada extrema, mas que não está descartada pelo governo.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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