A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou uma intensa disputa nos bastidores do Senado, onde diferentes grupos políticos apresentam projeções divergentes sobre o resultado da votação marcada para o dia 10. Enquanto alguns parlamentares falam em risco de derrota expressiva, aliados de Messias sustentam que ele já teria apoio suficiente para ser aprovado, ainda que por margem apertada.
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Para garantir a vaga no Supremo, Messias precisa reunir ao menos 41 votos entre os 81 senadores. Interlocutores ligados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), estimam que o candidato contaria hoje com apenas 28 a 31 votos favoráveis. Em contraposição, auxiliares próximos ao chefe da AGU avaliam que o placar poderia chegar a 45 ou 47 votos, número semelhante ao obtido por Paulo Gonet e Flávio Dino em votações recentes.
A situação é agravada pela pressa imposta por Alcolumbre, que agendou a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça para o dia 10, comprimindo o tempo para articulações políticas de última hora. Aliados de Messias afirmam que, apesar do cenário desafiador, ele tem condições de avançar.
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Parte das incertezas envolve o comportamento das bancadas do MDB e do PSD, que juntas somam quase um terço dos votos do Senado e são consideradas decisivas para o desfecho. Embora alguns de seus integrantes tenham apoiado nomes recentes do governo para o STF e para a PGR, lideranças desses partidos mantêm postura cautelosa em relação à indicação de Messias.
Para conquistar votos entre parlamentares de direita, assessores do AGU têm apostado na influência de lideranças evangélicas e no apoio do ministro do STF André Mendonça, que entrou em campo para defender o nome do aliado. A estratégia, porém, encontra resistência entre senadores que enxergam Messias como um nome identificado com o núcleo político do PT e próximo demais do presidente Lula. Nos bastidores, também ganha força a avaliação de que parte da resistência tem motivação política.
Um senador da base governista afirma que a postura de Alcolumbre se encaixa em um padrão já conhecido de pressão sobre o Planalto, envolvendo negociações por emendas e cargos. “Ele cria dificuldades para vender facilidades”, resumiu o parlamentar.









