Crise no PL expõe divisão no bolsonarismo após declarações de Valdemar Costa Neto

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, no sábado (13), que “houve um planejamento de golpe” e que “o Supremo decidiu, temos que respeitar”. A fala, feita durante um evento em Itu (SP), gerou forte reação entre os aliados mais radicais de Jair Bolsonaro e expôs fissuras dentro do partido e do campo bolsonarista.

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O encontro contou com a presença de governadores cotados como alternativas a Bolsonaro em 2026 — Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR) — além dos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do PP, Ciro Nogueira.

A declaração caiu como uma bomba entre os aliados do ex-presidente. Paulo Figueiredo, braço-direito de Eduardo Bolsonaro, escreveu: “não estamos nesta m* de dar gosto à toa”**, em referência à fala de Valdemar. O deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) afirmou: “não foi por falta de aviso”, enquanto o ex-ministro Fábio Wajngarten declarou que não era possível “mais ouvirmos e nos calarmos”.

A ala radical do bolsonarismo interpretou o discurso como um movimento do Centrão para rifar Bolsonaro e acelerar a definição de um nome viável para 2026, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como favorito.

Diante da repercussão negativa, Valdemar divulgou uma nota no domingo (14) dizendo que sua fala foi “mal interpretada”. Segundo ele, tratava-se de uma declaração “no campo do imaginário”:

“Se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro Luiz Fux confirmou isso”.

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Nesta segunda-feira (15), reforçou que “nunca houve planejamento de golpe”, insistindo que Bolsonaro sempre respeitou a Constituição e conduziu a transição democrática.

A fala de Valdemar também teve efeito colateral sobre o governador de São Paulo. Tarcísio de Freitas cancelou uma viagem a Brasília, onde tentaria avançar no Congresso o projeto de anistia a Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

Segundo aliados, a admissão de Valdemar foi um “sincericídio” que enfraquece a articulação política em defesa do ex-presidente.

“Valdemar, mais uma vez, deu munição para os governistas se articularem contra a anistia”, afirmou um interlocutor de Bolsonaro.

Para analistas políticos, a crise expõe um racha entre a família Bolsonaro e o Centrão. Enquanto o PL e partidos aliados querem acelerar a definição de um candidato competitivo para 2026, Bolsonaro mantém seu próprio ritmo, gerando temor de que deixe a decisão para a última hora e atrapalhe a construção de uma candidatura viável.

Apesar da polêmica, Valdemar garantiu que o PL seguirá defendendo Bolsonaro “até o fim” e que o partido não desistiu da anistia. Nos bastidores, porém, cresce a avaliação de que o Centrão pretende isolar o ex-presidente e preparar um nome mais palatável para disputar o Planalto.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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