O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), confirmou na sexta-feira (19) que não será candidato à Presidência da República em 2026. A declaração foi dada em entrevista à rádio Itatiaia, em Minas Gerais, e marca o fim de um ciclo de quatro tentativas ao Palácio do Planalto. Com tom direto, Ciro justificou a decisão afirmando: “Não quero mais importunar os eleitores.”
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Por que Ciro Gomes desistiu
Durante a entrevista, Ciro disse enxergar o Brasil em uma situação de difícil governabilidade, resultado da polarização entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). Segundo ele, os desafios atuais se transformaram em um “abacaxi produzido pela maluquice de Lula e Bolsonaro”.
Ciro admitiu que em disputas anteriores acreditava ter condições de governar o país, mas hoje avalia com pessimismo:
“Cada vez que me candidatei, eu sabia que podia resolver. Hoje, tenho dúvidas se alguém é capaz de dar conta do tamanho do abacaxi.”
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Trajetória eleitoral e queda de apoio
Ciro concorreu quatro vezes à Presidência (1998, 2002, 2018 e 2022). Sua última tentativa terminou com apenas 3% dos votos válidos, atrás de Simone Tebet (MDB), bem distante do embate entre Lula e Bolsonaro.
Apesar disso, levantamentos recentes da Genial/Quaest ainda o colocavam como o adversário mais competitivo contra Lula em eventual segundo turno, com 40% contra 33%. Mesmo assim, o acúmulo de derrotas e a frustração política pesaram na decisão de deixar a disputa nacional.
Embora fora da corrida presidencial, Ciro Gomes não pretende se afastar da política. Ele deve direcionar seus esforços para o Ceará, estado que governou de 1991 a 1994.
A expectativa é que ele deixe o PDT, legenda à qual se filiou em 2015, e migre para PSDB ou União Brasil. Ambos os partidos já demonstraram interesse em sua filiação. Até mesmo dirigentes do PL chegaram a cogitar alianças, descrevendo-o como um “fenômeno” capaz de enfrentar o PT no Nordeste.
O anúncio de mudança partidária deve acontecer até dezembro de 2025, em um evento de grande porte no Ceará.
Impacto nas eleições de 2026
A saída de Ciro Gomes da corrida presidencial altera o tabuleiro eleitoral:
- Enfraquece a terceira via em nível nacional;
- Fortalece Lula, que perde um adversário competitivo;
- Reforça a polarização entre PT e PL;
- Abre espaço para novos nomes do centro-direita, como Tarcísio de Freitas.
Críticas ao governo Lula e ao bolsonarismo
Mesmo fora da disputa, Ciro manteve sua postura crítica. Questionado sobre tarifas impostas pelos Estados Unidos, acusou Lula de priorizar ganhos eleitorais imediatos e classificou o bolsonarismo como “tremenda burrice”.
Na avaliação do ex-governador, as escolhas de ambos os grupos contribuíram para o atual cenário de crise: “Esse desastre é fruto da polarização artificial que aprisiona o Brasil.