O programa Bolsa Família registrou nova retração no mês de agosto e atenderá 19,2 milhões de famílias. O número representa uma redução de 451 mil beneficiários em relação ao mês anterior e reforça a tendência de queda observada ao longo de 2025. No acumulado do ano, cerca de 1,6 milhão de pessoas deixaram de ser atendidas pelo principal programa social do país.
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De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, parte da redução está relacionada ao aumento da renda familiar, o que inviabiliza a permanência no programa. Além disso, o governo tem intensificado ações de revisão cadastral para identificar e excluir beneficiários que estejam recebendo o benefício de forma irregular.
Com os cortes mais recentes, o número total de inscritos retornou a patamares semelhantes aos observados em julho de 2022, ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL). À época, às vésperas das eleições presidenciais, o total de famílias beneficiadas subiu de maneira acelerada, em meio às críticas de que a ampliação teria fins eleitorais.
O movimento de expansão observado naquele período também provocou um salto nos gastos públicos. Em janeiro de 2022, o custo mensal do programa – então chamado de Auxílio Brasil – era de R$ 3,7 bilhões. No fim daquele ano, o valor desembolsado chegou a R$ 13 bilhões.
O pico de desembolsos ocorreu em junho de 2023, quando o gasto mensal atingiu R$ 15 bilhões. Desde então, os valores se estabilizaram próximos de R$ 14 bilhões, com recuo mais recente para a faixa dos R$ 13 bilhões mensais.
Nos bastidores, técnicos do governo afirmam que ainda não é possível identificar com precisão os motivos da queda mais expressiva no número de beneficiários registrado em julho e agosto. A avaliação, no entanto, é de que houve um esforço concentrado para bloquear cadastros irregulares e reavaliar solicitações que poderiam entrar no programa, o que provocou um impacto maior do que o habitual.