No domingo (3), apoiadores de Jair Bolsonaro ocuparam ruas em diversas cidades brasileiras em manifestações marcadas por críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protestos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pedidos de anistia para os condenados dos atos de 8 de janeiro.
Os atos também exibiram bandeiras dos Estados Unidos e cartazes em apoio ao presidente americano Donald Trump, reforçando o alinhamento entre as pautas bolsonaristas. Bolsonaro acompanhou as manifestações de sua residência e enviou uma mensagem de agradecimento aos seus apoiadores.
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De acordo com o Monitor do Debate Político da USP e a ONG More in Common, cerca de 37,6 mil pessoas participaram do protesto, com variação entre 33,1 mil e 42,1 mil, considerando a margem de erro de 12%. A contagem foi feita com base em imagens aéreas de drones analisadas por inteligência artificial.

Nikolas Ferreira lidera os discurso
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi um dos destaques da manifestação, com um discurso em tom inflamado contra Moraes e Lula. Ele afirmou que o ministro do STF deveria ser preso e disse:
“Nós não vamos nos curvar a você. Sem a toga, você não é nada.”
Durante o discurso, o deputado Nikolas Ferreira anunciou que será protocolado, ainda nesta semana, o 30º pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. O parlamentar também cobrou que a Câmara dos Deputados coloque em votação o projeto de anistia, que busca beneficiar os investigados e condenados pelos atos de 8 de janeiro.
O parlamentar ainda fez uma chamada de vídeo para Bolsonaro, que acompanhou o ato de Brasília por estar sob medidas cautelares, que incluem tornozeleira eletrônica e a proibição de sair de casa aos fins de semana.
Mobilização digital e provocações à USP
Nas redes sociais, líderes bolsonaristas incentivaram a militância com frases como “Brasil acima do STF” e “Brasil com Bolsonaro”, mobilizando apoiadores em todo o país. Em São Paulo, os organizadores celebraram a grande adesão. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) ironizou os estudos de contagem da USP, que apontaram redução de público em atos anteriores: “Uma tal de USP não sabe contar brasileiros”, disse. Já o deputado Marco Feliciano (PL-SP) provocou: “Vão dizer que flopou. Flopou aonde?”. O pastor Silas Malafaia reforçou que o público superou as expectativas e criticou ausências de lideranças.
O que aconteceu durante o ato
Os manifestantes vestiram camisetas verde e amarelo, carregaram cartazes contra o STF e pediram anistia aos investigados do 8 de janeiro. Muitos também exibiram cartões de banco, em referência às sanções aplicadas pelos Estados Unidos a Moraes, com base na Lei Magnitsky, que prevê bloqueio de bens e restrições financeiras.
A mobilização foi liderada por Silas Malafaia, com presença de Ricardo Nunes (MDB) e Valdemar Costa Neto (PL). A ausência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que alegou compromissos médicos, foi criticada por Malafaia. Já Bolsonaro e sua família não compareceram por conta das medidas judiciais, e o ex-presidente segue inelegível até 2030 por decisão do TSE.
Projeção nacional e repercussão internacional
Além da capital paulista, cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia e Belém também registraram atos.
A imprensa internacional repercutiu o movimento. A Reuters destacou que os protestos tinham como principais alvos Moraes e Lula, com apoiadores gritando “Magnitsky” e exibindo bandeiras americanas. Já a France Press ressaltou que Bolsonaro não pôde comparecer fisicamente devido às restrições impostas pelo STF.
Apesar da mobilização expressiva, analistas políticos avaliam que pautas como anistia ampla e impeachment de Alexandre de Moraes têm baixa chance de avançar no Congresso. Ainda assim, o ato demonstrou que o bolsonarismo mantém força nas ruas, mesmo com o ex-presidente fora dos palanques.