O Ministério Público identificou os supostos líderes de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, e Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo” ou “João”, são os principais alvos da megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) em São Paulo.
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A dupla é apontada como responsável por uma rede de fraudes fiscais e contábeis que movimentou mais de R$ 52 bilhões. Segundo a investigação, a organização criminosa atua em toda a cadeia produtiva de combustíveis — de usinas a postos — e utiliza centenas de empresas em nome de laranjas, fundos de investimento e familiares para ocultar a origem ilícita dos recursos.
O esquema teria começado com postos de combustíveis e empresas químicas, expandindo-se posteriormente para outros setores. “Beto Louco” é descrito como operador central das atividades fraudulentas, enquanto “Primo” é apontado como responsável por expandir o esquema para novos mercados, consolidando a atuação nacional da quadrilha.

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A fraude envolve importação irregular de nafta, hidrocarbonetos e diesel, feita por empresas intermediárias de fachada, financiadas com recursos de distribuidoras e formuladoras de combustíveis. Além disso, há sonegação fiscal na venda de gasolina tipo A e diesel tipo A, bem como em combustíveis tipo C e B vendidos aos postos.
Um dos pontos mais preocupantes é o desvio e manuseio irregular de metanol, que é fornecido diretamente aos postos para adulterar a gasolina, comprometendo a qualidade do combustível e causando riscos ambientais e aos veículos.
Além disso, a Receita Federal constatou que a sonegação acompanha a venda ao consumidor final, prejudicando a arrecadação tributária e impactando toda a cadeia econômica.
A chamada “Operação Carbono Oculto” mobiliza cerca de 1.400 agentes, com mandados em mais de 350 alvos em oito estados, revelando uma sonegação de R$ 7,6 bilhões e evidenciando o alcance e a complexidade da rede criminosa, que envolve distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.