Nesta terça-feira (13), a cantora Cassie Ventura testemunhou no julgamento do rapper americano Sean “Diddy” Combs. Ela declarou que o magnata da música e também seu ex-namorado era poderoso, abusivo e controlador, a agredia fisicamente e ordenava que ela fizesse sexo “repugnante” com estranhos durante maratonas de vários dias, regidas a drogas, as quais ele chamava de “Freak Offs”.
Combs se declarou inocente de cinco acusações, incluindo uma acusação de conspiração de extorsão, duas acusações de tráfico sexual e duas acusações de transporte para fins de prostituição. Se condenado, ele pode pegar uma sentença de prisão perpétua.
A cantora se emocionou e precisou se recompor durante o depoimento, que durou cerca de cinco horas. Com detalhes, ela relatou um relacionamento turbulento de 10 anos com o rapper, que, segundo ela, foi tomado pela violência e pela obsessão dele com uma forma de voyeurismo em que “ele controlava toda a situação”.
Cassie retorna ao banco de testemunhas nesta quarta-feira (14). Após os promotores terminarem de interrogá-la, os advogados de Combs terão sua vez.
Relacionamento
Ventura testemunhou que o relacionamento deles começou platonicamente quando ela assinou com a Bad Boy Records, gravadora de Diddy, em 2006, quando tinha 19 anos. Mais tarde, ela disse ao tribunal que ficou “muito confusa” na primeira vez que Combs a beijou enquanto comemorava seu aniversário de 21 anos em Las Vegas. Ela o descreveu como um “cara divertido que, por acaso, também tinha a minha carreira em suas mãos”, dizendo que ele tomava “todas as decisões” quando ela era mais jovem.
Cassie processou Combs em 2023, alegando anos de abuso. Ele chegou a um acordo em poucas horas, mas dezenas de processos semelhantes se seguiram.
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Abuso e Controle
Cassie disse aos jurados que as exigências dele para que ela se envolvesse em atos sexuais muitas vezes repugnantes, às vezes enquanto ele assistia de outra sala via FaceTime, a faziam se sentir “fortemente objetificada”. Mas, segundo ela, suportou as exigências porque estava apaixonada por Combs.
Ao mesmo tempo, disse Cassie, Combs controlava todos os aspectos de sua vida, da carreira à moradia, e ela não sentia que podia dizer “não” a ele.
A cantora disse que algumas das discussões entre eles eram violentas e resultavam em “algum tipo de abuso físico”.
“Ele me batia na cabeça, me derrubava, me arrastava, me chutava, me pisava na cabeça se eu estivesse no chão”, disse ela.
Freak Offs
A ex de Diddy disse que tinha cerca de 22 anos quando Combs a convidou pela primeira vez para ter um “Freak Off”. Ventura concordou porque “queria fazê-lo feliz”. Os encontros, alimentados por ecstasy e outras drogas, duravam de 36 a 48 horas, e ela disse que os mais longos duravam quatro dias, e Combs decidia quando os encontros terminariam. O rapper também dirigia cada detalhe do “Freak Off” e eles frequentemente seguiam um padrão semelhante, disse ela.
Cassie declarou que Diddy fazia ela recrutar profissionais do sexo para os “freak offs”, e que ele lhes pagava milhares de dólares para fazer sexo com ela.
Eles aconteciam em ambientes privados, muitas vezes em quartos de hotel escuros, ao contrário das “White Parties” públicas de Combs nos Hamptons, que atraíam celebridades de primeira linha.
Ventura disse que sentia que os “Freak Offs” eram o único momento que ela conseguia ficar com Combs.
“Eu me senti nojenta. Fui humilhada. Não tinha palavras para expressar na hora o quão horrível eu realmente me sentia, e não conseguia falar com ninguém sobre isso”, disse. Ela disse que usava drogas para se dissociar da experiência.
Briga no hotel
A artista descreveu a briga entre ela e Combs no hotel InterContinental em 2016, que foi registrada por uma câmera de segurança, e que o júri já viu diversas vezes. Ela disse que começou quando tentou deixar um “Freak Off” antes que “acabasse”. Combs a agrediu e ela “saiu correndo o mais rápido que pôde”, testemunhou.