Otan testa drones de última geração em resposta a ameaças russas

Em uma demonstração de força e inovação tecnológica, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizou nesta semana exercícios militares focados em drones aéreos e submarinos, em meio a uma crescente tensão com a Rússia. Os testes ocorreram em bases militares em Portugal e na Holanda, com participação de forças especiais, pesquisadores e empresas privadas, e refletem a urgência da aliança em se adaptar às novas ameaças híbridas que desafiam a segurança europeia.

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Drones, impressão 3D e guerra híbrida

Os exercícios foram inspirados pela experiência da guerra na Ucrânia, onde o uso de drones e embarcações não tripuladas se tornou uma peça-chave no combate. Em Troia, drones submarinos foram testados para ampliar a capacidade de vigilância marítima. Já em Den Helder, forças especiais da Otan, ao lado de acadêmicos e engenheiros, produziram barcos controlados remotamente com tecnologia de impressão 3D — uma solução de baixo custo para cenários de conflito.

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“O uso de impressão 3D nos permite criar navios de superfície ou outros equipamentos com baixíssimo custo, reduzindo o impacto econômico e aumentando nossa capacidade de resposta,” afirmou o Contra-Almirante Massimiliano Rossi, chefe do Estado-Maior do Comando das Forças de Operações Especiais da Otan.

Além disso, sensores de última geração foram testados para detectar ameaças a infraestruturas críticas subaquáticas, como oleodutos e cabos nos mares do Norte e Báltico, áreas vulneráveis a sabotagens e espionagem.

Incursões russas e alerta europeu

Os testes ocorrem em um momento delicado. Nas últimas semanas, drones russos invadiram o espaço aéreo da Polônia, Romênia e Estônia, todos membros da Otan. A Dinamarca, também integrante da aliança, enfrentou duas noites seguidas de sobrevoos não identificados que forçaram o fechamento temporário de aeroportos civis e militares.

“O objetivo desse tipo de ataque híbrido é espalhar medo, dividir e nos intimidar,” declarou o ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, após os incidentes. Embora os drones não tenham sido abatidos por questões de segurança civil, o país reforçou seus sistemas de detecção e anunciou a aquisição de novas tecnologias antidrone.

A União Europeia, por sua vez, lançou o projeto de um “muro de drones” ao longo do flanco leste do bloco, com sensores acústicos e radares para detectar e neutralizar incursões. “A Rússia está testando a UE e a Otan, e nossa resposta deve ser firme, unida e imediata,” afirmou Andrius Kubilius, comissário europeu para Defesa e Espaço.

Andrius Kubilius, participa de coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Helsínquia, na Finlândia. / Foto: Markku Ulander / Lehtikuva/AFP

“Estamos vendo uma transição da guerra convencional para uma guerra de sensores, algoritmos e plataformas não tripuladas,” explica a professora de Relações Internacionais da Universidade de Leiden, Marieke de Vries. “A Otan está se preparando para um cenário onde o combate pode ocorrer sem soldados em campo, mas com drones e inteligência artificial operando em rede.”

O analista militar britânico Thomas Harding, do Royal United Services Institute (RUSI), destaca o papel da interoperabilidade: “Esses exercícios mostram que a Otan está investindo em tecnologias que podem ser compartilhadas entre os países membros, criando uma malha de defesa integrada contra ameaças emergentes.”

O que vem a seguir?

A cúpula informal de líderes da União Europeia, marcada para a próxima semana em Copenhague, deve discutir a ampliação dos testes e a integração das tecnologias de drones ao sistema de defesa continental. A Ucrânia, convidada para participar das tratativas, também deve apresentar suas experiências com drones em campo de batalha.

Enquanto isso, a Otan segue monitorando os céus e mares da Europa, ciente de que a guerra do futuro já começou e ela voa silenciosamente, sem piloto, mas com precisão cirúrgica.

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