Em uma publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (9), o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou o novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que inclui a devolução de reféns e uma pausa nos confrontos na Faixa de Gaza. Sem mencionar diretamente o presidente Donald Trump ou o grupo Hamas, Obama destacou que o momento representa uma chance concreta de iniciar a reconstrução e buscar uma paz duradoura na região.
O acordo, mediado por representantes do Catar, Egito e Estados Unidos, foi firmado em 8 de outubro de 2025, após semanas de negociações intensas. Ele prevê um cessar-fogo de 30 dias, a libertação de 50 reféns israelenses e 150 prisioneiros palestinos, além da entrada de suprimentos médicos, alimentos e combustível em Gaza.
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Em sua publicação nas redes sociais, Obama afirmou:
“Este acordo representa uma oportunidade para que o trabalho de reconstrução e de construção de uma paz duradoura possa finalmente começar.”
A declaração foi recebida como um gesto de apoio à diplomacia internacional, mas chamou atenção pela ausência de qualquer referência ao presidente Donald Trump, que celebrou o acordo como uma vitória de sua política externa, ou ao grupo Hamas, que também reivindicou sucesso nas negociações.
Especialistas avaliam postura e implicações do acordo
Para compreender os impactos políticos e diplomáticos do posicionamento de Obama, a reportagem ouviu especialistas em relações internacionais e segurança no Oriente Médio.
Marc Lynch, professor de Relações Internacionais na George Washington University, avalia que a postura de Obama é estratégica:
“Ao evitar mencionar Trump ou Hamas, ele reforça a ideia de que o foco deve estar na diplomacia e no bem-estar dos civis, não em disputas políticas ou em legitimar grupos armados.”
Rula Jebreal, jornalista palestino-italiana e analista política, destaca que o acordo é um avanço, mas ainda insuficiente:
“A reconstrução de Gaza exige mais do que pausas nos combates. É preciso garantir acesso humanitário contínuo, segurança para os civis e um plano político que envolva a sociedade palestina.”
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Daniel Byman, pesquisador do Brookings Institution, alerta para os riscos:
“O acordo é frágil. A exigência israelense de desarmamento do Hamas e a indefinição sobre quem governará Gaza após o cessar-fogo são pontos críticos que podem comprometer a estabilidade.”
Cenário humanitário
Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), a população da Faixa de Gaza ultrapassa 2,3 milhões de pessoas em 2025, das quais cerca de 70% dependem de ajuda humanitária. A destruição causada pelos bombardeios recentes deixou mais de 300 mil pessoas desalojadas e danificou 60% da infraestrutura hospitalar.
O novo acordo prevê:
- Entrada diária de 500 caminhões com suprimentos humanitários
- Reabertura parcial da fronteira de Rafah para evacuação médica
- Criação de um fundo internacional para reconstrução, com apoio da União Europeia, ONU e Banco Mundial
A ONU estima que serão necessários US$ 4,2 bilhões para restaurar serviços básicos em Gaza, incluindo água potável, eletricidade, saúde e educação.
Líderes mundiais reagiram positivamente ao acordo. Emmanuel Macron, presidente da França, declarou que “a paz exige coragem e persistência”. Já Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, afirmou que “os primeiros passos são encorajadores, mas a comunidade internacional deve permanecer vigilante”.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Estado confirmou que continuará apoiando as negociações e enviará uma missão diplomática ao Oriente Médio nas próximas semanas. O presidente Donald Trump celebrou o acordo em coletiva de imprensa, dizendo que “a América liderou o caminho para a paz”.
Enquanto isso, Obama manteve sua postura discreta, reforçando a importância de se concentrar nos civis e na reconstrução:
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“A paz não é apenas a ausência de guerra, mas a presença de justiça, dignidade e esperança.”










