O governo dos Estados Unidos confirmou nesta quinta-feira (9) um acordo de US$ 20 bilhões com a Argentina, liderada pelo presidente Javier Milei. A medida, formalizada por meio de um swap cambial entre os bancos centrais dos dois países, visa oferecer liquidez em dólares à economia argentina, que enfrenta uma crise cambial e política profunda. O anúncio foi feito pelo secretário do tesouro americano, Scott Bessent, após encontro entre Milei e o presidente Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU.
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O acordo consiste na aquisição de pesos argentinos pelo governo dos EUA e na disponibilização de dólares ao Banco Central da Argentina, com o objetivo de reforçar as reservas internacionais e conter a desvalorização da moeda local. Segundo o tesouro americano, o swap cambial permitirá à Argentina enfrentar “um momento de falta aguda de liquidez” e estabilizar o mercado financeiro.
Em comunicado oficial, Scott Bessent afirmou:
“A comunidade internacional, incluindo o FMI, está unida em apoio à Argentina e à sua prudente estratégia fiscal, mas apenas os Estados Unidos podem agir com rapidez e escala.”
O presidente argentino, Javier Milei, celebrou o acordo como um “gesto de confiança” e agradeceu publicamente ao presidente Donald Trump, que também elogiou Milei em uma postagem na rede Truth Social.
Especialistas analisam impacto e riscos do acordo
Monica de Bolle, economista e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, vê o acordo como um alívio temporário:
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“O swap cambial pode ajudar a conter a volatilidade no curto prazo, mas não resolve os problemas estruturais da Argentina, como inflação persistente e déficit fiscal.”
Sebastián Galiani, ex-secretário de Política Econômica da Argentina e professor na Universidade de Maryland, destaca o caráter político do acordo:
“É uma demonstração de alinhamento ideológico entre Milei e Trump, mas também uma tentativa de evitar o colapso financeiro argentino.”
Benjamin Gedan, diretor do Argentina Project no Wilson Center, alerta para os riscos:
“Se o governo argentino não conseguir implementar reformas eficazes, o apoio externo pode se tornar insustentável. O mercado precisa de sinais claros de estabilidade.”
Contexto político e financeiro: crise se intensifica
A Argentina enfrenta uma das piores crises cambiais desde 2001. Em setembro de 2025, o peso argentino perdeu mais de 30% de seu valor frente ao dólar, e a inflação anual ultrapassou 120%. A derrota legislativa de Milei em províncias-chave no mês passado agravou a instabilidade política e gerou uma corrida cambial.
Segundo dados do Banco Central da Argentina, as reservas internacionais estavam abaixo de US$ 15 bilhões antes do acordo, o menor nível desde 2018. O swap com os EUA representa mais que o dobro desse valor, oferecendo fôlego para enfrentar os próximos meses.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial manifestaram apoio à iniciativa. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, declarou que “a cooperação internacional é essencial para restaurar a confiança na economia argentina”.

A visita de Javier Milei à Casa Branca está marcada para o dia 14 de outubro, quando serão discutidos novos mecanismos de cooperação econômica e segurança regional. O governo argentino também negocia com o FMI uma flexibilização das metas fiscais previstas no acordo de US$ 44 bilhões firmado em 2022.
Enquanto isso, analistas seguem atentos à reação dos mercados. O índice Merval, da bolsa de Buenos Aires, subiu 4,2% após o anúncio, e o risco-país caiu 180 pontos-base, sinalizando otimismo moderado.









