A China anunciou nesta sexta-feira (7) a suspensão da proibição de importação de carne de frango brasileira, encerrando um embargo que durava desde maio, quando foi detectado um foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul. A medida reacende expectativas positivas para o setor avícola nacional, que tem na China seu maior comprador.
A Administração Geral de Alfândegas da China comunicou oficialmente a liberação das importações de carne de frango do Brasil, após considerar superado o único foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) registrado em território brasileiro em 2025. O caso ocorreu em uma granja comercial no município de Montenegro (RS), em 15 de maio, e levou à suspensão temporária das compras por parte do país asiático.
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Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e a China representa cerca de 15% do volume total embarcado. Em 2024, o país asiático importou mais de 600 mil toneladas do produto brasileiro, movimentando cerca de US$ 1,5 bilhão.
Ricardo Santin, presidente da ABPA, comemorou a decisão: “A suspensão do embargo é resultado direto da competência técnica e diplomática do Brasil. Demonstramos com transparência e agilidade que o foco foi pontual e controlado, sem risco à segurança alimentar”.
Impactos econômicos e expectativas do setor
Durante o período de embargo, o setor avícola brasileiro enfrentou desafios logísticos e comerciais, redirecionando parte da produção para outros mercados, como Japão, Emirados Árabes e União Europeia. Ainda assim, houve queda de 8% nas exportações totais entre maio e outubro de 2025, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Para o economista Leonardo Vieceli, especialista em comércio exterior, a retomada das exportações para a China deve impulsionar a recuperação do setor: “A reabertura do mercado chinês é estratégica. Além do volume, o país asiático paga preços mais competitivos, o que deve melhorar a margem de lucro dos produtores brasileiros”.
O analista de mercado da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, também vê a decisão como positiva: “A China é um parceiro comercial fundamental. A suspensão do embargo deve refletir rapidamente nos preços internos e na retomada dos contratos futuros”.
Medidas sanitárias e confiança internacional
O Ministério da Agricultura informou que, desde o registro do foco de gripe aviária, foram adotadas medidas rigorosas de contenção, incluindo o abate sanitário de aves, bloqueio de áreas afetadas e reforço na vigilância epidemiológica. O Brasil mantém o status de país livre de IAAP na produção comercial, conforme os critérios da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacou em nota oficial:
“A decisão da China reforça a confiança internacional na qualidade e segurança da produção brasileira. Seguiremos trabalhando para garantir a sanidade dos nossos rebanhos e a credibilidade dos nossos produtos”.
Com a liberação das exportações, frigoríficos brasileiros já iniciam a retomada dos embarques. A expectativa é que o volume exportado para a China volte aos níveis pré-embargo até o primeiro trimestre de 2026. Estados como Paraná, Santa Catarina e Goiás, principais polos produtores, devem ser os mais beneficiados.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o setor avícola poderá recuperar até R$ 2 bilhões em receitas até o fim do ano, com a normalização das vendas para o mercado chinês.









