Com 1.413 votos a favor, os sócios do Corinthians confirmaram neste sábado o impeachment de Augusto Melo, que deixa de ser presidente do clube. O dirigente já estava afastado do cargo desde 26 de maio, quando o processo foi aprovado pelos conselhos administrativos do Timão. Com a decisão, Osmar Stabile segue como presidente interino até a realização de novas eleições para um “mandato-tampão”.
A votação começou com 20 minutos de atraso por questões de organização. Apesar disso, o processo transcorreu de forma tranquila, das 9h20 às 17h, no Ginásio Wlamir Marques. O Parque São Jorge esteve aberto apenas para sócios adimplentes, permanecendo fechado para o público geral. Durante a apuração dos votos, Augusto Melo deixou o Parque São Jorge, o que gerou grande comemoração pela maioria dos associados e pelos torcedores que ficaram do lado de fora.
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Durante o pleito, torcedores e associados aproveitaram para protestar contra a gestão de Augusto Melo e outros ex-presidentes, como Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves, pedindo a expulsão de todos. Do lado de fora do Parque São Jorge, uma confusão ocorreu quando um carro de som, que tocava músicas do Corinthians, começou a reproduzir hinos de outros clubes — entre eles Vasco da Gama, Palmeiras e Paysandu. Após o hino do Vasco, o veículo foi depredado e deixou o local. Não houve registro de feridos.

Como se desenrolou o processo de Impeachment?
Augusto Melo foi acusado de gestão temerária no caso VaideBet e teve as contas de sua administração reprovadas pelo Conselho de Ética e pelo Conselho Deliberativo. Ele é réu na Justiça de São Paulo, que acatou denúncias e investiga, junto com a Polícia Civil, possíveis ligações de um braço do PCC nas negociações com a casa de apostas. O processo de impeachment se estendeu por mais de dois dias devido a confusões entre apoiadores e opositores do dirigente. Em meio ao trâmite, Augusto chegou a conseguir uma liminar para barrar o processo, mas o clube reverteu a decisão.
Entre seu afastamento e a decisão final, o ex-presidente se envolveu em nova polêmica ao tentar retomar o cargo em uma invasão à sala da presidência, acompanhado de apoiadores e conselheiros. Entre eles estava Maria Angela de Souza Ocampos, que alegou ter assumido a presidência do Conselho Deliberativo e tentou suspender decisões de Romeu Tuma Jr., incluindo o afastamento de Melo. O episódio acirrou ainda mais o clima político no clube.
Quais são os próximos passos?
Com a saída definitiva de Augusto Melo, Osmar Stabile seguirá no comando até que o Conselho Deliberativo convoque eleições indiretas. O presidente do conselho, Romeu Tuma Jr., tem 30 dias para marcar a votação que definirá o mandatário do Corinthians até o fim de 2026, quando terminaria o mandato original de Melo.
Pelo estatuto, Augusto Melo está impedido de ocupar qualquer cargo no clube por 10 anos e ainda responderá na Justiça pelos processos em andamento.
Após a oficialização de seu Impeachment, Augusto Melo e sua assessoria soltaram uma nota oficial, onde afirmam que irão contestar o resultado na justiça:
“O presidente Augusto Melo vai contestar as irregularidades da votação deste sábado (9/8) tomando as medidas cabíveis pelas vias adequadas. Entre os absurdos ocorridos neste sábado está a condução da votação por pessoas que estão em campanha contra Augusto Melo, sem isenção para desempenhar essa função. A diretoria interina permitiu que entrassem no clube membros de organizadas que coagiram os votantes e se negou a disponibilizar o registro de entrada dos sócios no clube, para que fosse possível comparar o número de entradas com o número de votos. A apuração das urnas foi controlada pelos adversários do presidente. Na esfera judicial, todas as medidas estão sendo tomadas para provar a inocência de Augusto Melo em relação a acusações falsas que ensejaram a condução de um inquérito nulo pela Polícia Civil.“