O encerramento das atividades do Banco Master, começou na última terça-feira (18) quando o Banco Central (BC) decretou a liquidação do Banco Master e das demais instituições do grupo.
Como liquidante, foi nomeado o ex-servidor do BC Eduardo Felix Bianchini, especialista em regimes especiais e responsável por liquidações como as do Banco Cruzeiro do Sul, Banco BVA e da Gradual Corretora.
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Além da responsabilidade de comandar a dissolução bancária que deve resultar no maior ressarcimento a investimentos da história do País. O ex-servidor terá que manter o Will Bank, banco digital do Master, funcionando. O banco Will desperta interesse de diversos investidores, inclusive do fundo árabe Mubadala.
O banco digital foi o único do grupo que não sofreu medidas restritivas do BC. Enquanto o Banco Master, o banco de investimento, a corretora de câmbio, títulos e valores mobiliários e o Letsbank foram colocados em liquidação, o Banco Master Múltiplo — controlador do Will — passou a operar sob Regime de Administração Especial Temporária (Raet), também sob comando de Bianchini, mas com as operações preservadas.
De acordo com o BC, a liquidação do Master ocorreu devido à “grave crise de liquidez” e a “sérias infrações” às normas bancárias. Para as demais empresas do grupo incluídas na decisão, o motivo foi o vínculo direto com o Master.
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Paralelamente, a Polícia Federal conduz uma investigação sobre a possível suspeita de “fabricação” de carteiras de crédito em operações entre o Master e o Banco de Brasília (BRB), com impacto estimado em R$ 12 bilhões. Na ação, o controlador do grupo, Daniel Vorcaro, e outros executivos do Master foram detidos.
Eduardo Felix Bianchini, o primeiro a chegar
Nas operações de dissolução, o liquidante chega à sede do banco logo cedo – geralmente por volta das 6h – e mantém contato com a área de resolução do BC, embora ela não atue diretamente. Ao assumir, ele bloqueia todos os acessos internos e decide, caso a caso, quais funcionários terão as credenciais restituídas.
No primeiro dia, demissões são frequentes. Além dos diretores, já detidos, a área comercial costuma ser encerrada porque as atividades são suspensas. Em contrapartida, equipes de contabilidade e de tecnologia da informação geralmente permanecem.
O liquidante também pode contratar profissionais para ajudá-lo a reorganizar a instituição – revisando contas, documentos e registros contábeis, analisando passivos e ativos, identificando credores e realizando pagamentos possíveis com os recursos disponíveis em caixa, como repasses de operações de cartão de crédito.
Balanço auditado
O processo inclui a elaboração de um balanço inicial da liquidação, que retrata a situação financeira do Master no dia da chegada do liquidante. Em seguida, esses dados passam por auditoria para confirmar sua precisão. É nessa fase que deve ficar evidente o tamanho do passivo descoberto do Master — ou seja, o valor total dos compromissos financeiros que a instituição não tem capacidade de honrar.
Outra tarefa inicial do liquidante é identificar todos os depositantes e repassar essas informações ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), responsável por reembolsar clientes e investidores prejudicados pelo fechamento da instituição. Segundo o FGC, o início dos pagamentos costuma levar cerca de 30 dias.
No caso do grupo Master, há aproximadamente 1,6 milhão de credores com depósitos e aplicações cobertos pela garantia, somando cerca de R$ 41 bilhões. O FGC também passa a integrar o quadro geral de credores — etapa padrão na liquidação —, mas dificilmente recuperará os valores pagos. Isso porque a ordem de prioridade coloca primeiro as dívidas trabalhistas, depois os créditos com garantia e, por fim, os tributos.









