John’s Burger: Arte e Hamburger numa mordida

Hamburguerias são um assunto delicado na cidade de São Paulo. É comum que exista verdadeiros aficcionados por determinadas casas, que as defendam com unhas e dentes, alegando que aquela é a hamburgueria perfeita, com o melhor combo, ou melhor carne, melhor pão ou molhos, entre outros tantos atributos que podem ser julgados. A John’s Burger é um desses casos.

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Fachada da Hamburgueria é dividida em 3 ambientes. – Imagem: Matheus Santopes

Antes de ir até a unidade do bairro do Limão, comentei com alguns amigos que iria comer lá. Era quase unânime a euforia neles, que diziam que seria “o melhor Lanche da minha vida”, que “eu não me arrependeria” e que ela era “Top 1 de São Paulo“, e que eu não procuraria outra hamburgueria depois de conhecer a John’s – Spoiler: eles estavam quase certos.

Ao chegar de carro no local, encontrei apenas uma dificuldade: não há muito local para estacionar por perto, sendo necessário recorrer a dois estacionamentos do entorno, que cobram o (salgado) preço de serem os únicos locais próximos para parar seu veículo. O acesso de transporte público é fácil, com ônibus que partem dos terminais Santana (zona norte) e Barra funda (Zona Oeste). Se não quiser perrengue, utilize transporte por aplicativo, fica bem mais fácil.

Chegamos por volta das 19h30 na casa, e encontramos uma mesa para 6 pessoas com facilidade. Se pretende ir com grandes grupos, fica a dica: chegue cedo. Não há reserva de mesa, e a casa enche MUITO rápido após as 20h. Em questão de minutos, uma fila de cerca de 30 pessoas foi formada na calçada da lanchonete. A maior parte da casa é pensada para grupos de 2 a 4 pessoas, e o ambiente é dividido em 3 partes: Interna, Calçada e Externa – essa última opção foi a escolhida, e fica fora da calçada, em um espaço delimitado e coberto, próprio do restaurante, com luzes e decoração combinando com o restante da temática da casa.

Espaço da casa comporta bem grupos entre 2 e 6 pessoas. – Imagem: VEJA SP

Nessa área externa, os atendentes ofertam cobertores e aquecedores para todos os clientes – fazia 12ºc na noite em que fomos. A equipe é hiper solicita e ágil, mas aí esbarramos em um dos poucos problemas da casa: não há serviço na mesa. Para fazer – e retirar – seu pedido, é necessário que você vá até o caixa, que fica no centro da loja, e faça seu pedido – numa pegada meio “McDonald’s“, incomum para o segmento.

No entanto, os problemas acabam por aí. Iniciamos os trabalhos pelas entradas, pedindo a Batata Crinkle (R$14,90) com maionese da casa e a porção de Dadinhos de Tapioca (R$23,90) com geléia de pimenta. Em menos de 10 minutos, o pager vibra, e buscamos as porções, Ambas muito bem servidas e com aroma inigualável. A batata veio corada, crocante e macia por dentro, do jeito que deve ser. Sozinha, é um pouco sem graça, sendo “apenas uma batata frita”, mas o jogo vira quando a maionese é adicionada. Leve, fresca e saborosa, ela transforma a experiência e faz com que a porção fique deliciosa – e a quantidade de molho é excelente.

As batatas são boas, mas o molho é quem brilha. – Imagem: Matheus Santopes

A porção de dadinhos é outro patamar, fazendo a batata parecer uma decisão até simples demais. A apresentação é simples, nada além de um pote com um amontoado de petiscos. Mas o brilho dele não é a apresentação, e sim o sabor. Cada unidade do dadinho é uma explosão de sabores. A fritura perfeita faz com que o recheio cremoso de queijo coalho (que vem em enorme quantidade) contraste de forma inexplicavel com o crocante da parte externa. Um verdadeiro espetáculo. Como se já não fosse bom o bastante, a geléia de pimenta artesanal da casa vem para subir o nível mais uma vez. Picante na medida certa e com dulçor equilibrado, é o grande trunfo da porção – que vem com aproximadamente 10 dadinhos.

Os dadinhos de tapioca dão show de sabor e crocância. – Imagem: Matheus Santopes

Na hora de escolher os lanches, optei por uma opção mais tradicional, e uma mais ousada: pedi o Universitário (R$33,90) e o Champy (R$38,90). O primeiro é um clássico “Cheese salada“, e é composto por um bom Pão do tipo Brioche (que é padrão para todos os lanches, menos o “Dog John’s“, que leva Pão de Hot Dog), uma carne alta de 160g, Queijo Prato, Alface Americana, Tomate e Molho da casa (o mesmo da batata). O ponto da carne estava ok (ao ponto, como foi solicitado), e o lanche é suculento e equilibrado. Não brilha os olhos como os outros que compõem o cardápio, mas é uma boa pedida para quem não gosta de arriscar tanto.

O Universitário cumpre seu papel: é um bom cheese salada. – Imagem: Matheus Santopes

O Champy é o total inverso: seu público é aquele que não se contenta com o básico, quer arriscar e comer algo diferente – e acredite, pedí-lo é um grande acerto. O lanche é composto pelo Pão do tipo Brioche, uma carne de 160g, Queijo Prato, Cogumelos Shitake e Paris chapeados, alface Friseè e Maionese de molho de ostra. Desde a primeira mordida o lanche entrega uma explosão de sabores, de forma curiosa e equilibrada. A crocância do alface faz uma dupla perfeita com a textura dos cogumelos, que são saborosos e vêm em grande quantidade. A carne e o queijo se tornam meros coadjuvantes no lanche, que tem seu ápice de sabor na maionese de molho de ostra, com um toque oriental especiado, fugindo do padrão “americano” dos lanches que vemos por aí. Sabor incrível para pessoas com “Paladar Adulto” – se você pensa 2 vezes antes de pedir um desse, mude de opção.

O Champy foi o burger preferido da noite, com seu sabor exótico e inigualável. – Imagem: Matheus Santopes

Como a ideia é sempre provar o que há de melhor – e autêntico – de cada casa, pedi duas bebidas: Milkshake de Nutella (R$24,90) e Pink Lemonade (R$12,90). O milk Shake é saboroso, com a consistência certa e textura agradável. Um bom Milk Shake, mas nada além disso. Já a Pink Lemonade surpreende: Leve, bem gelada, doce na medida certa, e com uma boa porção de frutas vermelhas e limão no copo, ela é definitivamente a melhor pedida da casa na parte das bebidas.

Já indo pro fim da experiência, escolhi duas sobremesas para finalizar a noite. As pedidas foram o Churros Ice Cream Bowl e a The Apple John’s. A primeira é direta e objetiva, com um churro em formato de cesta, bastante saboroso, com sorvete de boa qualidade, doce de leite em quantidade generosa (pode ser substituido por Nutella, mas eu não cometeria este crime) e cobertura de sorvete. Bom, mas se torna simples demais quando comparada à sua irmã vermelha.

O Churros Ice Cream Bowl é gostoso, mas não brilha tanto. – Imagem: Matheus Santopes

A The Apple John’s pega até os mais atentos de surpresa: nela vai Mousse/sorvete de creme, maçã picada, amarena italiana (uma espécie de cereja silvestre), redução de amarena, coberta com chocolate branco e mirror glaze, finalizada com biscoito triturado e manjericão. E não é só uma obra de arte visual, esse é o único pedido que vai até você: em uma excelente jogada de influência digital, a casa designa um funcionário para levar seu pedido até a mesa em uma cesta, com o prato ao centro, uma luz de led (para auxiliar nas fotos) e uma explicação decorada na ponta da língua, pronta para encantar os clientes.

Uma obra de arte em forma de sobremesa: The Apple John’s. – Imagem: Matheus Santopes

A solícita atendente informa que por recomendação do Chef, o prato é pensado para ser consumido com colheradas que peguem partes do creme interno, da farofa de biscoito, da casca brilhante e crocante e das cerejas em pedaços que vêm dentro. Tudo isso junto faz uma explosão de sabores, e cria um sabor único e inigualável. Se você gosta de cereja, vai adorar, pois o que mais se sobressai é o dulçor da cereja, presente em pedaços, em calda e em redução. O Manjericão tem a função de limpar o paladar, abrindo espaço pra mais uma colherada na sequência. O prato serve fácil 3 pessoas.

Por fim, em resumo, o ambiente é agradável e confortável, os lanches são excelentes, as bebidas são boas, e as sobremesas têm muito a oferecer. A experiência só não é melhor pela falta de praticidade de ter que levantar a cada vez que for fazer um pedido ou retirar um pedido no balcão.

Ainda assim, vale a pena conhecer, pois o conjunto é incrível! A casa aceita Vale-Refeição, e o ticket médio de gasto por pessoa gira em torno de R$80,00. Chegue cedo, vá de transporte coletivo ou serviços de aplicativo, e aproveite uma sensacional experiência. Em uma escala de 0 a 10, minha nota é um sólido 9, com muita qualidade, sabor e boas experiências. E se cabe a curiosidade: Ainda não é a minha TOP 1 de Hamburguerias em São Paulo, mas depois falamos mais sobre outras experiências.

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Um comentário

  • Sou suspeita para falar porque, apesar de não conhecer o espaço do salão, consumo o delivery da John’s frequentemente. No geral, é isso: entrega rápida, lanche de qualidade e que sempre preenche a vontade de um bom hambúrguer. Agora com a dica da sobremesa, só tenho ainda mais motivos pra conhecer presencialmente!

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