Adeus ao alquimista do som: Hermeto Pascoal morre aos 89 anos

O Brasil perdeu neste sábado (13) um de seus maiores gênios musicais. Morreu no Rio de Janeiro, aos 89 anos, o compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, conhecido como “o Bruxo” ou “o Alquimista do Som”. Internado desde o fim de agosto no Hospital Samaritano Barra, ele lutava contra complicações de fibrose pulmonar e não resistiu a uma falência múltipla dos órgãos.

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A família confirmou a morte em comunicado emocionado, destacando que ele partiu serenamente, cercado por pessoas próximas. O velório será realizado nesta segunda-feira (15), na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, na zona oeste do Rio.

O espaço, que leva o nome do músico, abrirá as portas ao público das 14h às 21h para a despedida. A escolha do local carrega um simbolismo especial: além da homenagem em vida, a arena fica próxima ao bairro Jabour, onde Hermeto viveu por muitos anos e construiu grande parte de sua trajetória.

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Nascido em 1936, em Lagoa da Canoa, no agreste alagoano, Hermeto descobriu cedo seu caminho na música. Portador de albinismo, não podia trabalhar sob o sol forte do sertão e encontrou na sonoridade uma forma de expressão que o acompanharia por toda a vida.

Ainda criança, começou a tocar acordeão e, mais tarde, revelou-se capaz de extrair música de praticamente qualquer objeto como panelas, chaleiras, brinquedos, água, além de dominar uma infinidade de instrumentos tradicionais.Com uma carreira que atravessou fronteiras, Hermeto ganhou reconhecimento internacional ao dialogar com o jazz, a música erudita e os ritmos populares brasileiros.

Trabalhou ao lado de nomes consagrados e construiu uma discografia marcante, que inclui experimentações únicas e álbuns emblemáticos. Em 2024, lançou Pra Você, Ilza, um tributo à esposa, reafirmando sua dedicação à arte e ao afeto mesmo nos últimos anos de vida.

Além da genialidade, Hermeto deixa uma extensa família: seis filhos, 13 netos e 10 bisnetos. Para músicos e críticos, ele não foi apenas um instrumentista ou compositor, mas um criador que transformava o cotidiano em melodia e mostrava que a música não precisa de limites.

Sua capacidade de improvisar, inventar e emocionar o colocou entre os maiores representantes da criatividade brasileira no mundo. Sua morte encerra uma vida marcada por invenção, mas seu legado permanece vivo em cada acorde, em cada experiência sonora e no impacto que gerou em gerações de artistas.

O silêncio deixado por Hermeto Pascoal será sempre preenchido por sua música, que continua a ecoar como convite à liberdade criativa e à escuta sensível do mundo.

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