Sobre amizade e outras coisinhas mais

Hoje amanheci com uma mensagem muito carinhosa de uma amiga de longa data, e quando eu digo longa, estou falando de mais de 30 anos de amizade. E se você não sabe, eu digo: HOJE É DIA DO AMIGO.

Não é um dia universal do amigo, esse se comemora em 14 de fevereiro, mas por que temos essa data também comemoradas em 20 de julho? É o Dia Internacional da Amizade, mas no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Moçambique também é DIA DO AMIGO. E que maravilhoso ter dois dias para parar e brindas à amizade em mais de um momento no ano!

Na hora que abri a mensagem pensei: caramba, eu conheço a Bete (a minha amiga) há uns 36 anos, como isso é distante de hoje e pensei em quanta coisa se vive em tantos anos assim. Vivemos o ensino fundamental, nos seus anos finais, juntas. Dividimos até uma briga, mas essa parte a gente pula para não passar vergonha. Ficamos distantes por muitos anos e nossos filhos que nos uniram novamente.

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Aí você me pergunta: como assim os filhos de vocês as uniram novamente? E eu te respondo, é tudo culpa do fusca cinza…

Agora é que deu um nó mesmo, né? Pois é, um nó é como as amizades que ficam firmes e atadas e que é difícil demais desatar. Porém, não menos que porém, de novo te chamo a atenção para focar no fusca…

Lá nos anos 80, eu era uma garota espevitada, cabeluda, que andava bebendo o mundo em guti guti e as meninas com quem tínhamos amizade eram assim também, as meninas do vôlei. Andávamos no bairro com roupas de estudantes, com agasalho da Adidas, ou genéricos, mas sempre azul-marinho com as listras brancas nas laterais das pernas da calça e das mangas da blusa, camiseta do uniforme e joelheira abaixada até os tornozelos. No calor tinha bermuda, mas somente era permitidas aquelas que tinham até 3 dedos acima do joelho, medidos mão a mão pelo Seu Pedro, o assistente da direção (que Deus o tenha).

Sempre na hora da saída da escola, eu via uma mulher baixinha, do cabelo cortado bem curtinho, com uma franja bem penteada, com nariz proeminente, até de certa forma, com meu olhar infanto-juvenil, meio empinado, mas eu olhava para aquela mulher e a admirava muito, porque ela chegava DIRIGINDO um fusca cinza.

Eu me imaginava sendo uma mulher assim, independente, que dirigia um carro e podia ir buscar a cria na escola. Ai, como era bom pensar nisso, que um dia eu faria assim, daquele jeito. Antes que você pense que isso é trivial, eu te falo que nos anos 80 não era não, as mães não dirigiam como agora, elas buscavam os filhos a pé ou nós, os filhos, íamos de perua ou ônibus para casa. Hoje mulheres dirigem sem restrição, mas essa é uma grande conquista. Mas, volta para a história do fusca…

Muitos anos mais tarde, já passados 2015 ou 2016, eu, já mãe, que dirigia e buscava o filho na porta da escola, estava aguardando o meu rebento e vejo um fusca cinza passando. Na hora me lembrei que eu estava vivendo uma coisa que eu sonhei com 14 anos e agora eu já tinha mais de 40. E pensei na Bete, na mãe dela e no fusca cinza de tantos anos atrás. E aquela cena passou na frente dos meus olhos como se estivesse em câmera lenta.

A mulher que dirigia o fusca estacionou mais à frente, voltou andando e eu fiquei curiosa (como eu só) acompanhando para saber quem era… Afffff, era a mãe da Bete. Me deu um bug porque parecia que o tempo não tinha passado para ela e nem para o tal carro. Eu bem queria entender o que ela fazia ali, quem ela tinha ido buscar e vi um garoto todo esperto saindo junto com meu filho, era o filho da Bete, que estudava na mesma sala do meu Henrique.

Coincidência ou o universo mostrando que o tempo pode demorar a passar, mas os seus desejos podem se realizar sim? Que o nosso tempo é muito diferente do tempo que Ele leva para se manifestar, mas se um dia você pediu, vai acontecer o melhor?

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Bete e eu participávamos do grupo das mães (o temido e indesejado grupo das mães), mas que nesse momento foi muito útil. Encontrei ela no grupo, chamei no particular e estávamos nós conectadas novamente. Voltamos a nos encontrar, falamos das coincidências da vida, de como o tempo tinha passado e, enfim, parecia que ele não tinha avançado nenhum segundo.

Ah, a mãe da Bete continua imperiosa, a Bete continua minha amiga de todos os dias, mas o fusca… Ahhhhh, o fusca, já não era o mesmo, era um outro cinza, que parecia que estava lá para me dizer que tudo é possível, até vencer o tempo quando se tem fé, vontade e persistência.

Sobre o Dia do Amigo, siga cultivando as suas amizades. Nesses tempos que tudo parece ter que durar só 15 segundos, uma longa amizade é um desafio e uma vitória, e como não ser FELIZ com essa linda conquista?

Beijo da Linda para você, até a próxima aventura do tempo.

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