Novas descobertas sobre a presença de água em Marte colocam em xeque a existência de vestígios superficiais líquidos no planeta vermelho, ao mesmo tempo em que revelam reservas significativas de água em seu subsolo.
Pesquisadores das universidades Brown, nos Estados Unidos, e de Berna, na Suíça, utilizaram técnicas avançadas de inteligência artificial (IA) para analisar mais de 86 mil imagens de satélite de Marte. O foco foi investigar as chamadas Linhas de Declive Recorrentes (RSLs), que são faixas escuras que aparecem periodicamente em encostas e crateras, que durante anos foram interpretadas como evidências de fluxos temporários de água salgada.
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Contudo, o estudo revelou que essas formações provavelmente não são causadas por água líquida. Segundo os cientistas, as RSLs são resultados de processos secos relacionados à movimentação do vento e à deposição de poeira na superfície marciana. Essa conclusão desafia a ideia de que tais regiões poderiam ser temporariamente habitáveis, o que impacta as perspectivas sobre a possibilidade de vida atual em Marte.
Por outro lado, outra linha de pesquisa, baseada em dados sísmicos da missão Mars InSight, revelou indícios robustos de água líquida nas profundezas da crosta marciana. As análises indicam que entre 5,4 e 8 quilômetros abaixo da superfície existe uma camada com água suficiente para cobrir Marte com um oceano de centenas de metros de profundidade, alojada em fissuras e poros das rochas. Esta água subterrânea, embora inacessível para exploração direta no momento, representa um importante recurso para futuras missões e estudos sobre o planeta.
Essas descobertas reforçam a complexidade do ambiente marciano e ampliam a compreensão científica sobre sua hidrologia. Ao mesmo tempo que diminuem as chances de encontrar água líquida na superfície (local mais favorável para vida microbiana) abrem novas possibilidades para a existência de água em locais ocultos.
Marte segue sendo um dos maiores alvos da exploração espacial, com missões robóticas e futuras missões tripuladas planejadas para aprofundar nosso conhecimento sobre sua história e habitabilidade.