Estudo feito por pesquisadores da Universidade de Heidelberg sugere que reduzir o uso do celular por apenas três dias provoca alterações químicas no cérebro. As mudanças ocorrem em regiões relacionadas a mecanismos de recompensa e vício. A pesquisa foi publicada no período científico Computers in Human Behavior, no Volume 167 e data de junho de 2025.
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O objetivo do estudo foi avaliar as mudanças no cérebro quando o uso do celular é limitado. Assim, foram incluídos 25 jovens adultos – de idade entre 18 a 30 anos – para passarem 72 horas com o uso do celular restringido.
Os incluídos na pesquisa foram requisitados a renunciar o uso de seu celular e outros aparelhos eletrônicos o máximo que conseguissem, referentes à atividades totalmente não relacionadas ao trabalho e àquelas do dia-a-dia, como comunicação com um número considerado de outras pessoas.
O estudo
Os participantes foram recrutados através de cartazes e pôsteres distribuídos no campus da Universidade de Heildeberg, no centro da cidade e também por meio de anúncios nas redes sociais. Para fazer parte da pesquisa, os requisitos eram:
- saber o básico da língua alemã;
- ser destro;
- ter entre 18 a 30 anos de idade;
- não ter nenhum tipo de doença mental e/ou neurológica.
Para avaliar as mudanças no cérebro, todos os participantes passaram por exames de ressonância magnética no início e ao final do teste. O exame foi realizado enquanto os voluntários eram expostos a três tipos de imagens diferentes: uma era de cenas neutras, como paisagens; a outra era de fotos de celulares desligados; e a última de celulares ligados.
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Além disso, eles preencheram questionários sobre seus estados de humor e hábitos de uso.
A avaliação
Os resultados da pesquisa concentraram-se no sistema de recompensa humano. Os voluntários apresentaram mudanças em áreas do cérebro ligadas a esse sistema. Quando expostos a imagens de celulares, houve ativação de regiões associadas ao desejo mais intenso, como o giro cingulado anterior e o núcleo accumbens.
O giro cingulado anterior, também conhecido como GCA, participa do processamento de emoções e funções cognitivas como a atenção e a memória. Já o núcleo accumbens é uma estrutura que está envolvida na motivação, recompensa e função motora do corpo. Ambas as regiões são estudadas em quadros de dependência de substâncias, como o cigarro e as drogas.
Além disso, houve ativação em vias de dopamina e serotonina – neurotransmissores relacionados a regulação do humor e dependência. Os resultados sugerem uma melhora na qualidade do sono e do humor dos voluntários após três dias menos conectados com seus aparelhos eletrônicos.
Contudo, o estudo tem algumas limitações. Entre elas, o principal é a falta de monitoramento para saber se os voluntários ficaram efetivamente abstinentes do uso dos smartphones – ou seja, o tempo de uso dos celulares não foi checado. Além disso, as respostas fornecidas pelos voluntários no questionário a respeito das mudanças de humor e do sono são todas subjetivas.