São Paulo registra 14 casos confirmados de intoxicação por metanol e duas mortes; 178 casos seguem em investigação

O estado de São Paulo enfrenta uma onda de intoxicações por metanol, com 14 casos confirmados e 178 em investigação, segundo balanço divulgado pelo governo na tarde desta segunda-feira (6). Até o momento, duas mortes foram confirmadas e outras sete seguem em apuração, enquanto 15 casos foram descartados após análise clínica.

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Os números foram apresentados durante uma coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, após reunião do gabinete de crise que reúne diversas secretarias estaduais.

De acordo com o governo:

  • 14 casos confirmados: indivíduos com laudo atestando a presença de metanol e comprovação de ingestão de bebida adulterada.
  • 178 em investigação: pacientes com indícios clínicos, aguardando resultados laboratoriais para confirmação de metanol.
  • 2 óbitos confirmados: mortes com laudo médico atestando ingestão de bebida adulterada.
  • 7 mortes em apuração: sem laudo definitivo, sob investigação das circunstâncias.
  • 15 casos descartados: após avaliação clínica, não apresentavam sinais de intoxicação por metanol.

Interdições de estabelecimentos

O governo interditou 11 estabelecimentos cautelarmente por suspeita de adulteração de bebidas alcoólicas. Entre os locais estão bares, adegas e distribuidoras.

  • Distribuidoras e bares com suspensão preventiva da inscrição estadual:
    • Bebilar Comercial e Distribuidora de Alimentos e Bebidas (4 inscrições)
    • Brasil Excellance
    • Exportadora de Bebidas
    • BBR Supermercados
    • FEC Alves Mercearia e Adega
    • Lanchonete Ministro
Dos 16 casos confirmados no país o Estado de SP concentra 14 casos e as duas únicas mortes por ingestão de álcool adulterado com Metanol; 209 casos seguem sob investigação em 13 estados - Foto: Reprodução/Vigilância em Saúde de SP
Dos 16 casos confirmados no país o Estado de SP concentra 14 casos e as duas únicas mortes por ingestão de álcool adulterado com Metanol; 209 casos seguem sob investigação em 13 estados – Foto: Reprodução/Vigilância em Saúde de SP

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) descartou nesta segunda-feira (6) o envolvimento de organizações criminosas, como o PCC, na produção e venda das bebidas adulteradas com metanol que resultaram em mortes e internações. Segundo ele, a intoxicação por metanol é um problema estrutural e recorrente no Brasil, lembrando de casos históricos como o da Bahia na década de 1990, que provocou quase 20 óbitos.

Durante entrevista coletiva, Tarcísio destacou algumas linhas de investigação:

  • Uso do metanol para aumentar o volume de bebidas falsificadas.
  • Possibilidade de que o responsável pela adulteração achasse que o etanol era puro, mas na verdade contaminava as bebidas com metanol.
  • Reaproveitamento inadequado de garrafas, que deveriam passar por logística de reciclagem. Segundo o governador, o descumprimento dessa regra facilita a falsificação, já que as garrafas retornam ao mercado clandestino.

Tarcísio anunciou ainda que solicitará à Justiça a destruição de garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos, mais de 7 mil unidades recolhidas apenas na última semana.

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, reforçou que a hipótese de participação de facções criminosas é improvável, já que o lucro obtido com a falsificação de bebidas é muito inferior ao do tráfico de drogas. Ele também esclareceu que nenhum dos 20 presos até agora tem ligação com organizações criminosas, incluindo o principal fornecedor de insumos para falsificação.

“São locais distintos. Nenhum dos presos são faccionados, pertencem ou pertenceram a qualquer organização criminosa. A gente poderia classificar, sim, como uma associação criminosa, mas muito diferente de uma organização criminosa que possui uma estrutura hierarquizada, com funções pré-definidas. Então, até agora, não há nenhum indício em nenhuma das prisões, nenhuma das fiscalizações, da participação do crime organizado”, afirmou Derrite.

Vítimas fatais

A segunda morte confirmada ocorreu em 2 de outubro, envolvendo Marcos Antônio Jorge Junior, de 46 anos, que havia ingerido vodca adulterada em um bar da Zona Leste da capital no dia 28 de setembro.

Segundo boletim de ocorrência:

  • Marcos foi o único entre amigos a consumir o destilado; os demais beberam cerveja.
  • Na manhã seguinte, apresentou náuseas, visão turva e dores abdominais, evoluindo para vômitos intensos.
  • Foi levado ao Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, em estado grave.
  • Laudo médico apontou como causas possíveis da morte: intoxicação por metanol, insuficiência renal aguda, choque distributivo e morte encefálica.

O corpo de Marcos foi sepultado no Cemitério São Pedro, também na Zona Leste.

A primeira morte confirmada ocorreu com o empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, que passou mal em 12 de setembro e morreu quatro dias depois, em 16 de setembro.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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