Nova categoria de risco cardíaco e nível de colesterol é criada.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou a Diretriz Brasileira de Dislipidemais e Prevenção da Aterosclerose – 2025. O documento substitui a versão de 2017, endurece metas de colesterol e incorpora novos marcadores, como a lipoproteína(a).
A principal mudança da diretriz está no LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Pela primeira vez na história, a diretriz brasileira inclui a categoria de risco extremo, voltada para pacientes que já tiveram múltiplos eventos cardiovasculares: para essas pessoas, a meta é de menos 40 mg/dL (40 miligramas por 1 decilitro de sangue).
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Colesterol: o que isso quer dizer?
O colesterol é um tipo de lipídio (gordura) que compõe a membrana das células do nosso corpo e que também auxilia na formação de vitaminas e hormônios. Embora seja essencial para nosso corpo em diversas funções, seu excesso está associado a problemas cardiovasculares, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto.
A composição pode ser de alta ou baixa densidade. São elas:
- Colesterol LDL: É quando o colesterol combinado às lipoproteínas é de baixa densidade. Em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas de gordura que aumentam o risco de obstrução e, consequentemente, de infarto e AVC.
- Colesterol HDL: É quando o colesterol combinado às lipoproteínas é de alta densidade. Sua função é “tirar” o colesterol das células para ser eliminado, ajudando a evitar a obstrução das artérias.
O nível do LDL deve ser mantido baixo, enquanto o do HDL deve ser mantido alto.
Novas diretrizes
A nova diretiva tem o objetivo de expandir e popularizar as recomendações entre os pacientes, principalmente pelo fato de 32% da população brasileira adulta apresentar níveis altos de colesterol LDL, segundo a SBC.
A nova tabela de metas do colesterol LDL é a seguinte (quanto menor o risco, maior o número máximo de LDL):
- Baixo risco: menor que 115 mg/dL (antes era menor que 130 mg/dL)
- Intermediário: menor que 100 mg/dL (antes era menor que 100 mg/dL)
- Alto: menor que 70 mg/dL (não houve alteração)
- Muito alto: <50 mg/dL (antes era menor que 70 mg/dL)
- Extremo (nova categoria): <40 mg/dL (não existia na diretriz anterior)
O colesterol “amaldiçoado”
Um novo elemento que passa a integrar as recomendações da nova diretriz é o Lp(a), chamado lipoproteína(a). Essa lipoproteína está relacionada a capacidade do colesterol causar mais prejuízos ao indivíduo porque a partícula é formada pela união do LDL com uma apolipoproteína.
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Essa junção torna a partícula mais “pegajosa” e capaz de aderir às paredes dos vasos sanguíneos, fomentando o desenvolvimento de placas de gordura e obstrução das artérias.
Portanto, o documento recomenda que todos os adultos façam a dosagem da Lp(a) pelo menos uma vez na vida. Valores acima de 50 mg/dL ou 125 nmol/L (nanomoles por litro) indicam elevação significativa da lipoproteína.
No entanto, o exame ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) nem tem cobertura ampla nos planos de saúde.
O papel do estilo de vida
A maior parte do colesterol em si é produzido pelo próprio organismo e uma menor parte vem da alimentação. Embora “em segundo plano”, a dieta desempenha um papel importante no tratamento de colesterol (LDL) alto.
Alimentos mais gordurosos, como frituras, embutidos e ultraprocessados, são alimentos que podem ser substituídos por frutas, vegetais e leguminosas porque reduzem a absorção do colesterol.
Além da alimentação, a nova diretriz da SBC reforça o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz: realizar ao menos 150 minutos de atividades físicas moderadas (ou 75 minutos de atividades físicas intensas) por semana.
A orientação é para qualquer pessoa, independentemente do nível de colesterol e da carga genética envolvida.