Inteligência Artificial mostrou alta acurácia de diagnósticos clínicos dermatológicos, diz estudo.
Um estudo brasileiro publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia avaliou a perfomance do ChatGPT, modelo de linguagem da OpenAI, em diagnosticar casos clínicos dermatológicos. A inteligência artificial obteve 84% de acerto nos diagnósticos.
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Publicado no Volume 100. Número 4 na edição de julho-agosto desse ano, o artigo foi realizado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.
IA na Medicina
O estudou visou explorar a perfomance diagnóstica do ChatGPT 4.0 em casos publicados entre 2019 e 2023. Foi dado a inteligência artificial cenários clínicos dermatológicos publicados na seção “Qual o seu diagnóstico” dos Anais Brasileiros de Dermatologia.
Foram incluídos casos com informações clínicas completas, imagens, exames laboratoriais, etc.
Seguidos deles, haviam perguntas de múltipla escolha para o ChatGPT responder.
A interação com o ChatGPT 4.0 seguiu esta sequência:
- digitar o que o ChatGPT devesse responder;
- colar o caso clínico completo, incluindo upload de imagens e legendas;
- colar a pergunta “Qual o seu diagnóstico”; e
- em seguida, escrever as quatro alternativas.
Após esse processo, bastava somente aguardar a resposta da IA e compará-la com a dos autores de cada caso.
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Resultados
Foram selecionados 25 casos, dos quais a IA diagnosticou corretamente 21.
Diferente de um teste de acurácia tradicional, em que a IA forneceria um diagnóstico aberto, no estudo ela selecionou a opção correta entre as alternativas limitadas. Portanto, não é possível afirmar que a acurácia diagnosticada da IA foi testada, mas sim sua perfomance em um contexto específico.
E para o câncer de pele?
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de pele é o câncer mais frequente no Brasil e no mundo. Sendo mais comum em pessoas acima dos 40 anos, é causado principalmente pela exposição excessiva ao sol.
Para o tratamento da doença, a IA pode auxiliar devido à sua incorporação como ferramenta de apoio na prática clínica, principalmente por meio do diagnóstico por imagem.
Além disso, a feramente auxilia no processo de triagem (processo de seleção inicial de pacientes) e possibilita que os atendimentos mais urgentes sejam priorizados.
De acordo com o Inquérito Dermatológico da SBD, publicado em 2024, os cânceres de pele representaram 6,9% dos atendimentos dermatológicos no Brasil. Mais da metade desses atendimentos dermatológicos foram diagnosticados na rede pública.
Ao mesmo tempo em que o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) é reforçado, a necessidade de tecnologias capazes de otimizar a triagem é evidenciada. Assim, a IA pode contribuir de maneira significativa para o tratamento de câncer de pele, sobretudo em seu diagnóstico.
Além disso, o diagnóstico tardio da doença não é incomum. Pessoas não buscam atendimento médico previamente por motivos como:
- falta de informação;
- idade avançada do paciente;
- lesão de crescimento lento e com ausência de dor.