Estudo traz inovações para o tratamento de pessoas pós-ataque cardíaco

Os betabloqueadores, uma classe de medicamentos, pode ter sua abordagem modificada em tratamentos.

Um estudo clínico, chamado REBOOT, trouxe resultados inovadores a respeito do tratamento pós-ataque cardíaco utilizando betabloqueadores – uma classe de medicamentos. Segundo a pesquisa, os medicamentos não trazem benefícios para a maioria dos pacientes em boas condições e podem trazer prejuízos para as mulheres.

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O estudo, publicado no European Heart Journal e apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia em Madri, forneceu informações valiosas para tratamento no ramo da Cardiologia. Segundo o Doutor Valentin Fuster, autor sênior do estudo,

essas descobertas vão reformular todas as diretrizes clínicas internacionais sobre o uso de betabloqueadores e devem iniciar uma abordagem tão necessária de tratamento cardiovascular“.

Betabloqueadores?

Os betabloqueadores, também conhecidos como bloqueadores beta-adrenérgico, apresentam-se geralmente sob a forma de comprimidos e atuam bloqueando a ação da noradrenalina (que age no stress, alerta e humor) nos receptores beta do corpo. Assim, diminuem a frequência cardíaca, a força de contração do coração e a pressão arterial.

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Durante décadas, os betabloqueadores foram prescritos após um ataque cardíaco para reduzir o risco de morte e arritmias (ritmos cardíacos anormais), especialmente para os doentes que sofriam com lesões cardíacas extensas. No entanto, o estudo REBOOT desafia, em determinados contextos, essa prática.

O que é esse estudo?

O estudo clínico escolheu 8.505 doentes em 109 hospitais da Espanha e Itália. Os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo continuaria a tomar os betabloqueadores no momento da alta após um ataque cardíaco; o outro deixaria de tomar o medicamento. A idade média dos escolhidos para a pesquisa era de 61 anos de idade e 19,3% eram mulheres.

Durante quase 4 anos, em média, os pacientes foram tratados e analisados. O estudo não encontrou diferenças significativas entre os grupos nas taxas de morte, ataque cardíaco recorrente ou admissão hospitalar por insuficiência cardíaca.

Um subestudo do REBOOT, publicado no mesmo dia que a pesquisa principal, obteve outros resultados significativos: as mulheres que tiveram pouco dano cardíaco após o infarto e foram tratadas com betabloqueadores apresentaram um risco mais elevado de ataque cardíaco, hospitalização por insuficiência cardíaca e até morte comparadas às mulheres que não receberam os medicamentos.

No entanto…

Os resultados do estudo tem um porém: só se aplicam a mulheres com fração de ejeção do ventrículo esquerdo acima de 50%.

Essa “fração de ejeção” é uma medida de quão bem o lado esquerdo do coração bombeia sangue oxigenado pelo corpo. Quando o paciente apresenta a fração abaixo de 40%, os betabloqueadores ainda são o tratamento padrão porque ajudam a controlar arritmias que podem causar um segundo evento cardíaco.

O Doutor Andrew Freeman, diretor de prevenção cardiovascular no National Jewish Health, em Denver, falou a respeito do porquê as mulheres são mais afetadas pelos betabloqueadores.

O gênero influencia bastante na forma como o corpo reage aos remédios. Muitas vezes, as mulheres têm corações menores e são mais sensíveis a medicamentos para pressão arterial.

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