O Ministério da Saúde (MS), por meio da Fiocruz, inaugurou nesta terça-feira (9) a primeira biofábrica de Wolbachia em Brasília, no Distrito Federal (DF). Com o objetivo de combater a dengue, a iniciativa fará a criação e liberação controlada de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir o desenvolvimento dos vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
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Também foi iniciada a implementação do Método Wolbachia na cidade e nos municípios de Luziânia e Valparaíso, no Estado de Goiás. A iniciativa conta com a participação das secretarias de saúde locais.
Método Wolbachia
O método utilizado pela iniciativa consiste em mosquitos Aedes aegypti que carregam uma bactéria chamada Wolbachia. Os mosquitos com Wolbachia passam a se reproduzir com os mosquitos locais, transmitindo a bactéria para seus filhotes.
Além disso, quando um macho infectado com a Wolbachia cruza com uma fêmea selvagem, não nascem filhotes, contribuindo para substituir a população de insetos transmissores.
O processo ocorre de forma contínua, não sendo necessária nova liberação de insetos. Por isso, o método é considerado autossustentável.
Com o tempo, a maioria dos mosquitos da região passa a ter Wolbachia, reduzindo significativamente a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
A tecnologia do Método Wolbachia é respaldada por estudos científicos nacionais e internacionais, tendo sido implementada com sucesso em diversas cidades do Brasil e no mundo. No Rio de Janeiro, em Niterói, por exemplo, os dados apontam redução de 88,8% nos casos de dengue.
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As liberações dos mosquitos serão realizadas por 26 semanas, beneficiando mais de 758 mil habitantes.
As ações no Brasil
A pasta investiu R$ 9,7 milhões na ação que beneficiará três municípios que enfrentaram alta transmissão de dengue nos últimos anos: Brasília, Valparaíso e Luziânia.
A biofábrica responsável por liberar esses mosquitos tem capacidade para produzir 100 milhões de ovos por semana. A escolha dos municípios prioritários é feita pelo Ministério da Saúde com base em indicadores epidemiológicos, ou seja, na ocorrência de casos nos últimos anos.
Com a ampliação do método, o MS complementa as estratégias de enfrentamento às arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos) urbanas. O método é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e passou a fazer parte das políticas públicas de saúde no Brasil, com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Enfrentando a dengue
As estratégias apoiadas e financiadas pelo Ministério da Saúde são baseadas em evidências científicas e tecnologias inovadoras, organizadas em seis eixos:
- Prevenção;
- Vigilância;
- Controle vetorial;
- Organização da rede assistencial;
- Preparação e resposta às emergências; e
- Comunicação e participação comunitária.
A vigilância segue ativa no país, com a participação dos estados e municípios. Além disso, há a rede nacional de laboratórios públicos mantida e equipada para confirmar casos, com divulgação pública dos resultados para maior transparência e controle da doença.