A Casa Branca afirmou, nesta terça-feira (9), que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está disposto a recorrer até mesmo a “meios militares” para garantir a proteção da liberdade de expressão em nível global. A declaração foi feita pela porta-voz do governo, Karoline Leavitt, em coletiva de imprensa, e faz referência direta ao julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Questionada sobre uma possível ampliação de medidas retaliatórias contra o Brasil caso Bolsonaro seja condenado, Leavitt respondeu:
“O presidente (Donald Trump) não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo.”
Segundo ela, o tema é prioridade absoluta para a atual gestão norte-americana:
“A liberdade de expressão é a questão mais importante dos nossos tempos. O presidente Trump leva isso muito a sério e, por isso, já tomamos ações contra o Brasil.”
Apesar do tom incisivo, a porta-voz também esclareceu que, “no momento, não há nenhuma ação adicional prevista” contra o governo brasileiro.
O contexto da fala
As declarações da Casa Branca acontecem poucas horas depois de o ministro Alexandre de Moraes, do STF, votar pela condenação de Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O julgamento ocorre na Primeira Turma da Corte e analisa o núcleo considerado central da suposta trama golpista — uma organização criminosa que, segundo a acusação, buscava manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
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Como relator do processo, Moraes foi o primeiro a se manifestar. O voto dele abre caminho para a deliberação dos demais ministros que compõem o colegiado: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma).

Repercussão diplomática
A fala de Leavitt reforça o tom de enfrentamento adotado pelo governo Trump em relação ao Brasil desde a abertura do julgamento de Bolsonaro. A possibilidade de intervenção militar em defesa de “liberdade de expressão” marca um dos pontos mais duros da política externa americana nos últimos anos, podendo gerar impactos significativos nas relações bilaterais.
Ainda não está claro, no entanto, se a ameaça se transformará em ações concretas. Analistas avaliam que, no cenário atual, Washington tende a intensificar a pressão econômica e diplomática antes de qualquer movimento militar.
O que acontece agora
O julgamento no STF continua nos próximos dias, quando os demais ministros da Primeira Turma deverão apresentar seus votos. Uma eventual condenação de Bolsonaro poderá abrir uma nova frente de atrito entre Brasil e Estados Unidos, já que Trump se coloca como aliado direto do ex-presidente brasileiro e afirma que defenderá sua causa em nome da “liberdade de expressão global”.
Enquanto isso, o governo Lula evita comentar as declarações americanas de forma oficial, mas integrantes da diplomacia brasileira monitoram com preocupação os desdobramentos da crise.