Em mais uma tentativa de encerrar o prolongado conflito na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu pela segunda vez em menos de 24 horas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta terça-feira (8).
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O objetivo do encontro na Casa Branca foi buscar uma solução para o que Trump classificou como uma “tragédia” humanitária, após 21 meses de guerra iniciada com os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
“É uma tragédia, e ele [Netanyahu] quer resolvê-la, e eu quero resolvê-la, e acho que a outra parte também”, disse Trump durante uma reunião de gabinete, sinalizando otimismo quanto à possibilidade de um cessar-fogo.

O enviado especial norte-americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou que as negociações estão progredindo e expressou expectativa de que um acordo seja firmado até o final da semana. Segundo ele, o pacto incluiria uma trégua de 60 dias, com a libertação de dez reféns vivos e a recuperação dos corpos de nove vítimas fatais.
Apesar do tom esperançoso adotado por Washington, os demais envolvidos no processo de mediação expressaram cautela. O Catar, que sedia as conversas indiretas entre Israel e Hamas, alertou que ainda há muitos obstáculos a superar.
“Não acho que possa dar um prazo neste momento, mas posso dizer que precisaremos de tempo para isso”, afirmou Majed Al Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, durante o terceiro dia de negociações em Doha.
O Catar, os Estados Unidos e o Egito lideram os esforços diplomáticos para tentar construir um marco viável para as negociações. No entanto, um funcionário palestino próximo aos contatos negou qualquer avanço até o momento, indicando que a distância entre as exigências das partes permanece significativa.

Enquanto diplomatas trocam mensagens e pressionam por consenso, a violência continua no território palestino. Segundo o exército israelense, cinco soldados foram mortos em confrontos no norte de Gaza, nesta terça-feira (08) — um dos dias mais letais para as forças israelenses em 2025. O total de militares israelenses mortos no conflito chegou a 445, de acordo com contagem da AFP.
Do outro lado, a Defesa Civil de Gaza relatou a morte de 29 palestinos em ataques israelenses no mesmo dia, entre eles três crianças. Os números apenas reforçam o quadro de colapso humanitário na região, onde infraestrutura, hospitais e serviços básicos já estão há meses em ruínas.
Apesar das tentativas diplomáticas, o cenário de incerteza predomina, com o tempo jogando contra civis que enfrentam o peso de uma guerra sem data para acabar. A declaração de Trump de que “quer resolver” a crise e a firmeza de Netanyahu em manter a ofensiva contra o Hamas mostram que a linha entre a diplomacia e a continuidade do conflito ainda é tênue.