O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mundo ao afirmar que deseja manter o tratado nuclear com a Rússia, conhecido como New START, originalmente firmado em 2010 e prorrogado por mais cinco anos em 2021. O tratado, que limita o número de armas nucleares estratégicas para os Estados Unidos e a Rússia, tem vencimento programado para 5 de fevereiro de 2026.
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Por que o tratado nuclear importa?
O New START é o último pacto bilateral entre EUA e Rússia destinado a conter a disseminação de ogivas nucleares estratégicas. Ele estabelece que cada país pode manter até 1 550 ogivas ativas distribuídas em até 700 sistemas de lançamento, como mísseis intercontinentais, submarinos e bombardeiros.
Após sua prorrogação por Biden e Putin, não há opção jurídica para extensão automática futura, tornando inevitável a negociação de um novo acordo .

Especialistas alertam, para caso o tratado expire sem renovação, uma possível escalada global na produção e na implantação de armas nucleares. A ausência de limites oficiais pode gerar maior opacidade sobre os arsenais, aumentando o risco de mal-entendidos e crises diplomáticas russas.
Em declarações à imprensa, Trump afirmou que não gostaria de ver o tratado expirar. Ele disse que já iniciou conversas com assessores para manter os limites atuais como base para um novo acordo. Em suas palavras, “quando você remove restrições nucleares, isso se torna um problema grave”.
O líder estadunidense também manifestou o desejo de ampliar as negociações, incluindo não apenas a Rússia, mas também a China. Ele propôs uma redução drástica nos gastos militares dos três países, segundo seu discurso, poderia cortar os orçamentos de defesa pela metade e envolvê-los em tratativas mais amplas sobre controle de armas e estabilidade geopolítica.
Reações de Moscou e especialistas
Enquanto Trump expressa otimismo quanto à prorrogação, a Rússia mantém postura cautelosa. Autoridades russas já indicaram que exigirão garantias concretas antes de aceitar qualquer diálogo sobre um novo tratado, especialmente diante do contexto de tensões por causa da Ucrânia e da OTAN.
Especialistas em controle de armas destacam que, sem um novo pacto, a corrida armamentista entre EUA e Rússia pode escalar rapidamente. Ao fim do tratado, mais ogivas podem ser implantadas e os sistemas de inspeção perderiam força, deixando os dois países menos transparentes e mais imprevisíveis num momento de instabilidade global.
Se Trump cumprir o discurso, o mundo poderá passar a conviver com uma nova rodada de negociações nucleares, potencialmente incorporando a China, que hoje não está vinculada ao New START. Esse movimento exigiria adaptações técnicas, nova estrutura de verificação e um consenso político internacional.
Além disso, a proposta de reduzir orçamentos de defesa em até 50%, envolvendo os três países, despertou debates acadêmicos. A proposta romperia com décadas de militarização crescente, mas encontra resistência frente às tensões nos teatros de conflito como Ucrânia e Oriente Médio.
Análise de possíveis cenários
Caso o presidente norte-americano convença líderes russos e chineses a sentar-se à mesa, o mundo poderia retomar um modelo multilateral de contenção nuclear, equilibrando poder e diminuindo riscos de proliferação. Por outro lado, a falta de acordo pode levar ao fim do tratado nuclear de New START e impulsionar uma nova era armamentista, com menos transparência e mais instabilidade.
Nesse quadro, os próximos meses são decisivos, a leitura das declarações de Trump sugere que ele enxerga real valor na manutenção do tratado. Resta saber se há abertura diplomática suficiente para transformar intenções em compromissos concretos antes de fevereiro de 2026.