Durante o seminário Saúde Estratégica Brasil – Américas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o Sistema Único de Saúde (SUS) adquiriu sólida experiência para enfrentar as “decisões abruptas” do governo Trump em matéria de cooperação internacional.
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Segundo Padilha, as sucessivas interrupções de recursos e revisões de acordos de pesquisa por parte dos Estados Unidos serviram de estímulo para o Brasil diversificar suas parcerias e reforçar sua autonomia em projetos de saúde pública.
Em sua exposição, o titular da pasta recordou episódios em que a administração Trump suspendeu repasses à Organização Mundial da Saúde (OMS) e chegou a cancelar contratos de desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro.
“Essas medidas nos ensinaram a agir com rapidez e a buscar múltiplas fontes de financiamento, garantindo a continuidade de programas essenciais”, declarou.
Padilha enaltece autonomia do SUS e detalha aporte de R$ 450 milhões para pesquisa
Na mesma ocasião, o ministério anunciou um investimento de R$ 450 milhões em inovação. Do total, R$ 60 milhões serão destinados à criação do Primeiro Centro de Competência em RNA mensageiro, coordenado pela Embrapii em parceria com institutos de pesquisa.
Outros R$ 30 milhões financiarão seis novas unidades Embrapii focadas em biofármacos e dispositivos médicos, R$ 60 milhões apoiarão estudos sobre doenças negligenciadas; e R$ 300 milhões, via Finep, fomentarão o desenvolvimento de insumos estratégicos.
Padilha também abriu consulta pública, com prazo até 10 de agosto, para debêntures incentivadas do SUS, com o objetivo de atrair capitais privados sem comprometer a soberania tecnológica. No âmbito internacional, ressaltou que o Brasil presidirá a assembleia da OMS por dois anos e exercerá a secretaria executiva da coalizão do G20 para produção regional de tecnologias em saúde, coalizão da qual os EUA optaram por não participar.
Por fim, o ministro falou em cautela diante de declarações externas, afirmando que o país está “plenamente preparado” para manter a estabilidade dos serviços de saúde, mesmo frente a “notícias inesperadas” no cenário global.