Moraes vota pela condenação de Bolsonaro e outros sete réus por cinco crimes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado. Relator do processo, Moraes classificou o ex-mandatário como líder de uma organização criminosa que tentou impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O julgamento ocorre na 1ª Turma do STF, composta também pelos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e pelo presidente do colegiado, Cristiano Zanin. Após o voto do relator, os demais magistrados ainda precisam se manifestar. A expectativa é que a análise seja concluída até a próxima sexta-feira (12).

Quem são os réus e os crimes apontados

Além de Bolsonaro, são julgados:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Todos respondem por:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Tentativa de golpe de Estado;
  • Dano qualificado contra patrimônio da União;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

Segundo Moraes, Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, era o chefe da estrutura criminosa, responsável por articular atos de ruptura institucional.

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As provas destacadas por Moraes

Durante a leitura de seu voto, o relator listou uma série de fatos que, segundo ele, comprovam a tentativa de golpe:

  • Live de julho de 2021: Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas sem provas. Para Moraes, “todas as mentiras criminosas” foram disseminadas pelas chamadas milícias digitais e configuraram ato executório do plano golpista.
  • Reunião ministerial de julho de 2022: encontrada no computador de Mauro Cid, foi considerada uma espécie de confissão coletiva de autoridades do governo. O encontro, segundo Moraes, apresentava medidas como prisões arbitrárias e fechamento do TSE.
  • Encontro com embaixadores (julho de 2022): realizado no Palácio da Alvorada, em que Bolsonaro repetiu ataques às urnas perante diplomatas estrangeiros. Moraes classificou o episódio como um dos momentos mais graves de “entreguismo nacional”.
  • Ações da PRF no 2º turno de 2022: especialmente no Nordeste, teriam sido coordenadas com fins eleitorais. Moraes disse que a cronologia das operações comprova a ilegalidade, com participação de Anderson Torres.
  • Plano “Punhal Verde e Amarelo”: documento impresso no Palácio do Planalto em novembro de 2022, previa a neutralização de autoridades e até a morte do presidente eleito. Moraes ironizou: “Não é crível achar que foi impresso e levado ao Alvorada para virar barquinho de papel”.
  • Áudio de Mário Fernandes: encaminhado a Mauro Cid, no qual Bolsonaro teria anuído com a ideia de agir até a diplomação. O relator chamou o material de “prova cabal” da participação direta do ex-presidente.
  • Minutas golpistas: documentos que previam a prisão de ministros e intervenção no TSE foram citados como evidência de que o grupo já havia decidido pelo golpe, restando apenas definir sua forma de execução.
  • Atos violentos: como a bomba em caminhão no Natal de 2022, os ataques em 12 de dezembro e a invasão de 8 de janeiro de 2023. Moraes afirmou: “O Brasil quase voltou a uma ditadura de 20 anos porque um grupo político não soube perder eleições”.

A avaliação de Moraes

Para o relator, as provas reunidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e confirmadas nos autos mostram que todos os réus praticaram os crimes denunciados.

Ele frisou que a tentativa de ruptura institucional foi fruto de um projeto de poder autoritário, conduzido sob comando de Bolsonaro.

O Brasil quase retornou aos momentos mais obscuros da sua história, porque uma organização criminosa queria impedir a alternância democrática”, disse Moraes.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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