O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou os depoimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete investigados no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. A decisão atende a uma solicitação da Polícia Federal, que considera essencial ouvir os acusados para o prosseguimento das investigações. Os depoimentos ocorrerão de forma presencial na sede da PF em Brasília, entre os dias 10 e 14 de junho.
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Entre os réus convocados estão ex-ministros, militares da reserva e civis que teriam participado de articulações para deslegitimar o resultado das eleições presidenciais de 2022. Bolsonaro, que é apontado como um dos principais articuladores do plano para impedir a posse de Lula, será ouvido no último dia, em um depoimento que promete grande repercussão política e midiática.
O inquérito revela que o grupo planejava decretar estado de sítio, intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e prender autoridades, incluindo o presidente do Congresso e ministros do Supremo. Documentos, mensagens e gravações já colhidas pela PF apontam que o plano estava em estágio avançado, mas foi abortado com a derrota de Bolsonaro nas urnas e a resistência institucional ao golpismo.
A defesa do ex-presidente nega qualquer envolvimento em atos ilegais e classifica a investigação como perseguição política. Os advogados alegam que Bolsonaro apenas exerceu seu direito à liberdade de expressão e que não há provas concretas de que ele tenha conspirado contra o Estado Democrático de Direito. A expectativa é de que ele mantenha essa linha de defesa durante o depoimento.
A marcação das oitivas é vista como mais um passo decisivo no cerco judicial a Bolsonaro e seus aliados. Moraes já determinou bloqueios de bens, quebra de sigilos e prisões temporárias no âmbito do mesmo inquérito. A nova fase reforça o protagonismo do STF na contenção de ameaças à democracia e expõe os desdobramentos ainda abertos do conturbado período pós-eleitoral de 2022.