Milei autoriza civis a comprar armas semiautomáticas, carabinas e submetralhadoras

Publicado nesta quarta-feira (18) no Diário Oficial da União da Argentina decreto que altera lei de 1995, que restringiu por 30 anos o uso de armas semiautomáticas e outros armamentos apenas às Forças Armadas, ampliando assim o acesso destas armas à civis.

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Armas semiautomáticas e similares a fuzis, carabinas e submetralhadoras de assalto “derivadas de armas de uso militar de calibre superior a .22 LR” agora poderão ser adquiridas por cidadãos que possuam porte de arma de fogo (cerca de 2% da população argentina, embora a maioria dos portes estejam vencidos).

Os usuários terão que justificar o seu uso esportivo, contudo, um possível problema é que não haja funcionários suficientes para promover uma fiscalização eficaz.

Em seu mandato, Milei já reduziu a permissão de posse de arma de 21 para 18 ano. Em maio deste ano, outro decreto facilitou a aquisição de armas de fogo. Podemos observar que o mesmo ocorreu durante o governo Bolsonaro. De acordo com informações do G1, o governo Bolsonaro liberou em média 619 novas armas por dia para CACs; 47% dos registros foram em 2022.

Javier Milei e Eduardo Boslsonaro. Foto:Redes Sociais

Armamento da população não é o caminho

Durante o governo Bolsonaro (2019-2022) os índices mostram um aumento progressivo do número de armas registradas:

2019: cerca de cento e quarenta mil armas;

2020: cerca de duzentos e setenta mil armas;

2021: cerca de trezentas e noventa mil armas.

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Seguindo tendência semelhante, houve um aumento de mil e quatrocentos por cento no número de clube de tiros durante o governo do ex-presidente:

2019: cento e cinquenta e um estabelecimentos;

2022: dois mil e trinta e oito estabelecimentos.

Da mesma forma, os índices mostram aumento no número de registro de caçadores, atiradores desportivos e colecionadores (CACs) durante o seu governo:

2018: cerca de cento e dezessete mil registros;

2022: cerca de setecentos e oitenta e três mil registros.

Não à toa, cidadãos de bem, como deputadas federais e presidentes de partidos políticos, se sentem no direito de saírem apontando armas para cidadãos nas ruas e metralhando agentes da lei que cumprem mandado de prisão em frente ao seu domicílio.

Seguindo o mesmo pensamento armamentista relatado, tivemos um aumento proporcional aos atentados em escolas. Até agosto de 2023, dos vinte e quatro ataques em escolas listados no Brasil nos últimos vinte e um anos, metade ocorreram entre 2019 e 2022.

O número de feminicídios no Brasil saltou de novecentos e vinte e nove em 2016 para um recorde de mil trezentos e cinquenta em 2020, subindo ainda mais para mil e quatrocentos em 2022. Em 2021, sessenta e cinco por cento destes crimes ocorreram por armas de fogo.

O Brasil lidera o ranking mundial de mortes por armas de fogo, seguido dos Estados Unidos (segundo lugar) e México (terceiro lugar), com cerca de quarenta e nove mil mortes em 2019. Setenta e seis por cento acima da média mundial.

As armas nunca foram a solução para os problemas de nenhuma nação, e quem as defendem: ou ganham dinheiro com isto ou são criminosos. Como diria Nelson Mandela, a única solução é a educação!

Autor

  • Ricardo Lacava

    Veterinário graduado pela UNESP, mestrado pela UFSC e Doutorado pela UNESP/Harper Adams University (Sanduíche/Reino Unido). Graduação em letras pela UFSCAR em andamento. Servidor público federal do Ministério da Agricultura desde 2008. Menção honrosa no Prêmio Literário Cidade de Manaus 2024. Autor do romance “Infecundo Solo”, segundo lugar no Prêmio José de Alencar, Concurso Internacional de Literatura União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, 2017. Vencedor do Prêmio Literário Uirapuru 2019 com o livro “Astúncio, o estúpido esclarecido” e do XIV Prêmio Literário Livraria Asabeça 2015 com a obra “O Canto do Urutau”.

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