Mensagens do “gabinete paralelo” de Moraes revelam planos de bloqueio e relatórios contra jornalistas críticos

Novas mensagens atribuídas ao chamado “gabinete paralelo” do ministro Alexandre de Moraes expuseram tentativas coordenadas para silenciar jornalistas críticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os arquivos, divulgados pela Revista Oeste no contexto da investigação conhecida como “Vaza Toga”, revelam comandos expostos em grupos de WhatsApp entre novembro e dezembro de 2022.

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Em 22 de novembro, o então juiz auxiliar Airton Vieira compartilhou um vídeo do colunista Rodrigo Constantino, da Gazeta do Povo, criticando medidas do TSE contra a “desordem informacional”. Ao que tudo indica, Vieira ordenou: “Vamos bloquear tudo desse cara e prever multa”. O então chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, buscou orientação sobre a justificativa a ser elaborada, e Vieira respondeu que “ligaria para explicar como elaborar o documento”, acrescentando: “Bloqueio e multa pelo STF. Capriche no relatório.”

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Constantino reagiu à divulgação dessas conversas afirmando que sempre suspeitou de perseguições motivadas por suas opiniões e que as mensagens trazem “provas” de um modelo de censura planejado. “Fui um alvo selecionado por estar incomodando com minhas opiniões e fui perseguido de forma implacável… primeiro, selecionaram o alvo e depois criaram o pretexto”, disse o jornalista.

Dias depois, em 5 de dezembro, o grupo teria decidido evitar o bloqueio direto diante do possível desgaste público. Em vez disso, optaram por desmonetizar as contas de Constantino. Pouco tempo depois, em 27 de dezembro, Tagliaferro enviou um relatório contra outro colunista da Gazeta do Povo, Guilherme Fiuza, ao comentar que “este não precisou de muito para se comprometer”. O comentário foi apoiado por Airton Vieira e Marco Antônio Vargas, que destacou os “vários posts golpistas” de Fiuza. Tagliaferro concluiu: “Vamos mandar bala”.

Diante das revelações, o senador Esperidião Amin (PP-SC) protocolou no Senado a criação da CPI da Vaza Toga. A comissão pretende investigar suposta perseguição política e produção informal de relatórios com motivações judiciais. O requerimento já conta com 29 assinaturas, aguardando leitura em plenário para seguir com a instalação formal.

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