O presidente francês Emmanuel Macron anunciou, ontem (24 de julho), que a França reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU. Ele publicou a decisão em sua conta no X e confirmou o movimento em carta enviada ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Macron justificou que a medida é coerente com o compromisso histórico da França por uma “paz justa e duradoura” no Oriente Médio. Ele destacou a urgência de pôr fim à guerra em Gaza, liberar reféns, intensificar a ajuda humanitária, desmilitarizar o Hamas e garantir a reconstrução de Gaza para que o novo Estado palestino possa viver em segurança e reconhecimento mútuo com Israel.
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Com esse passo, a França se tornará a primeira nação do G7 a reconhecer oficialmente um Estado palestino, sinalizando um avanço importante na diplomacia europeia, alinhando-se a países como Espanha, Irlanda e Noruega, que já haviam feito reconhecimentos similares .
A Autoridade Palestina e o Hamas saudaram a decisão. O vice-presidente Hussein al-Sheikh destacou que se trata de um reconhecimento do direito à autodeterminação do povo palestino, enquanto o Hamas celebrou o movimento como pressão moral para cessar os conflitos .
Em contrapartida, o anúncio provocou forte reação de autoridades israelenses. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou Macron de “premiar o terrorismo” e advertiu que a medida ameaça a segurança de Israel. Já o ministro da Defesa, Israel Katz, classificou o gesto como “vergonhoso” e uma rendição ao terrorismo.
Os Estados Unidos, por meio do Secretário de Estado Marco Rubio, repudiaram a decisão, afirmando que a medida seria uma ação “imprudente” e um “golpe à paz”, servindo apenas à propaganda do Hamas. Um outro diplomata foi irônico, sugerindo sarcasticamente que Macron poderia usar a Riviera Francesa para sediar um “Estado palestino” fictício .
O anúncio chega em um momento de crise humanitária em Gaza e segue a preparação de uma conferência internacional em Nova Iorque, prevista para 28 a 29 de julho de 2025, voltada à defesa da solução de dois Estados. A expectativa é que outros países europeus aproveitem o evento para oficializar ou acelerar seus reconhecimentos diplomáticos.
Do ponto de vista internacional, a mudança representa um possível ponto de virada diplomático: uma das maiores potências ocidentais dando o passo pode gerar pressão para que aliados como Reino Unido, Canadá e Alemanha reconsiderem suas posturas . A ação também reforça a narrativa de Macron de que é essencial “construir o Estado da Palestina, assegurando sua viabilidade”.