O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo contundente na quarta-feira (24), durante evento paralelo à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em seu discurso, Lula exigiu que os países desenvolvidos apresentem novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), antes da COP30, que será realizada em 2025, em Belém (PA). Para o líder brasileiro, sem esses compromissos, o planeta “caminha no escuro” diante da crise climática.
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Apelo para ações concretas até a COP30
Durante a abertura da sessão sobre mudanças climáticas, que reuniu chefes de Estado e de governo, Lula destacou que nenhuma nação deve se colocar acima das outras quando se trata do combate ao aquecimento global. O presidente lembrou que o Acordo de Paris, assinado em 2015, estabeleceu que cada país deveria atualizar suas metas de redução de emissões até 2025.
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“É momento de questionar se o mundo chegará a Belém com a lição de casa feita. O Acordo de Paris deu aos países a liberdade de formular metas condizentes com suas realidades, mas a apresentação das NDCs não é uma escolha, é uma obrigação”, afirmou Lula, citando decisão da Corte Internacional de Justiça que reforça a exigência.
Brasil se antecipa com novas metas ambientais
Em seu discurso, o presidente destacou que o Brasil já apresentou sua nova meta climática, tornando-se o segundo país a cumprir essa etapa. A proposta brasileira prevê a redução de 59% a 67% das emissões de gases de efeito estufa, além do compromisso de zerar o desmatamento até 2030.
“Essas metas não são apenas números ou percentuais. Elas representam uma oportunidade de repensar modelos de desenvolvimento, políticas públicas e investimentos para criar um novo paradigma econômico, mais sustentável e inclusivo”, ressaltou Lula.
Risco do negacionismo e do unilateralismo
O presidente também alertou para os perigos do negacionismo climático e do unilateralismo nas decisões globais. Segundo Lula, a crise ambiental não respeita fronteiras e exige cooperação entre todas as nações.
“O negacionismo que enfrentamos não é apenas climático, é multilateral. Muros de fronteira não vão conter secas nem tempestades. A natureza não se curva a bombas nem a navios de guerra. Nenhum país está acima do outro, e o unilateralismo provoca uma perigosa reação em cadeia”, disse.
COP30: natureza e sociedade em foco
Lula ressaltou que a COP30, marcada para 2025 em Belém, será uma oportunidade histórica para mostrar que conservar a Amazônia é também uma forma de proteger as pessoas. O presidente citou o Balanço Ético Global (BEG) como exemplo de participação social, destacando a realização de seis diálogos regionais que envolveram sociedade civil, setor privado, povos indígenas, cientistas, artistas, líderes religiosos e autoridades locais.
“A voz das pessoas precisa chegar aos chefes de Estado e de governo. Queremos promover uma cúpula que permita um diálogo direto e franco, capaz de reparar injustiças e construir um futuro próspero e sustentável para todos”, declarou.
Cenário global preocupante
Relatórios recentes da própria ONU reforçam a urgência das medidas. Estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam o aumento acelerado da temperatura global. Entre os impactos já comprovados estão eventos climáticos extremos, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e perda de biodiversidade.
Compromisso coletivo é essencial
Ao final de sua fala, Lula reforçou que o combate à crise climática só será possível com mobilização coletiva, comparando o desafio atual à bem-sucedida campanha global para proteger a camada de ozônio. Para ele, a COP30 deve marcar um novo capítulo na história da cooperação internacional.