O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou na quarta-feira (6) que transformará o “tarifaço” imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros em pauta central da cúpula do BRICS em outubro, na Rússia. Em discurso no Planalto, Lula classificou as medidas americanas como “atos de guerra comercial que exigem resposta coordenada das nações emergentes”.
A estratégia visa articular uma frente diplomática unida entre os 14 países do bloco incluindo novos membros como Arábia Saudita e Irã, para criar mecanismos de compensação comercial e reduzir a dependência do dólar.
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Os Pilares da Contração Ofensiva contra tarifaço
Dois eixos definem o plano brasileiro: primeiro, a criação de rotas alternativas de exportação para produtos atingidos pelas tarifas, como café, carne e têxteis. Fontes do Itamaraty adiantam que o governo negocia com a China um aumento de 18% nas compras de café e com a Índia acordos para têxteis.
Segundo, uma retaliação financeira através do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), onde Brasil e Rússia proporão a suspensão de financiamentos a projetos americanos, golpe direto em uma carteira de US$ 32 bilhões.
O anúncio ocorre 24 horas após a entrada em vigor do “tarifaço”, que atinge US$ 11,2 bilhões em exportações brasileiras. A decisão seguiu-se ao fracasso das negociações entre o ministro Fernando Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, que manteve restrições a setores sensíveis. Para o agronegócio, o impacto é imediato.
A reação de Washington não tardou. Através do porta-voz Andrew Bates, a Casa Branca ironizou: “O presidente Lula é livre para reclamar com a China sobre subsídios ilegais ou com a Rússia sobre grãos roubados da Ucrânia”. Analistas veem riscos geopolíticos.
Enquanto a diplomacia se mobiliza, ações domésticas aceleram-se. O BNDES lançou linha emergencial de R$ 4,3 bilhões para empresas afetadas, com juros a 70% da Selic. Paralelamente, a Apex Brasil negocia com europeus a abertura de mercados para compensar perdas.
Em frase que resume a estratégia, o presidente afirmou a apoiadores: “Não estamos sozinhos. Os 45% da população global representada pelo BRICS não aceitará intimidações. Este bloco é nosso seguro contra o abuso dos ricos”. A fala ecoa preocupações com a recente prisão de Bolsonaro, vista como fator agravante nas tensões.